postado em 04/11/2008 17:32
Na tentativa de evitar a convocação de aliados do Palácio do Planalto na CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, deputados governistas decidiram esvaziar os trabalhos da comissão com a determinação de rejeitar requerimentos considerados polêmicos para o governo.
Depois de duas semanas sem conseguir quórum para aprovar os requerimentos, a CPI colocou em votação nesta terça-feira somente aqueles que não dividem parlamentares do governo e da oposição.
Os deputados Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Vanderlei Macris (PSDB-SP) acusam o governo de esvaziar os trabalhos da comissão para evitar as convocações do chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, e do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh --ex-deputado petista.
O requerimento de convocação de Carvalho nem chegou a entrar na pauta de votações da CPI, enquanto o de Greenhalgh acabou adiado por falta de acordo com os governistas. "Estão asfixiando a CPI. Se não tivermos novos requerimentos votados, só tem sentido a prorrogação dos trabalhos para o relator apresentar o texto final", disse Fruet.
Além da convocação de Greenhalgh, a CPI adiou nesta terça-feira as votações dos requerimentos de convocação de Paulo Lacerda, diretor-geral afastado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), do secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Junior, além do requerimento que solicita acareação de Lacerda com o delegado Protógenes Queiroz, o ministro Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional) e o diretor de Inteligência da Polícia Federal, Daniel Lorenz.
O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), negou que a determinação da CPI seja blindar aliados do Palácio do Planalto nas investigações.
"Este presidente não tem restrições à convocação de quem quer que seja. Vamos discutir primeiro os requerimentos de consenso para que a comissão possa votar mais rapidamente", afirmou.
Requerimentos A CPI aprovou, nesta terça-feira, requerimento que determina a Procuradoria da República no Distrito Federal encaminhar à CPI imagens do circuito interno de TV do restaurante Original Shundi, em Brasília --onde supostamente teria ocorrido um encontro entre assessores do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), e advogados do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity.
Mendes concedeu dois habeas corpus a Dantas em meio à Operação Satiagraha, na qual foi decretada a prisão do banqueiro por suposto envolvimento em fraudes descobertas pela PF. Além de Dantas, também foram presos na operação do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (PTB) e o investidor Naji Nahas.
A CPI também aprovou requerimento de convocação dos delegados William Marcel Morad e Rômulo Berredo, da Polícia Federal, que investigam a realização de supostos grampos clandestinos por agentes da Abin (agência Brasileira de Inteligência) na Operação Satiagraha. A comissão ainda aprovou requerimentos de convocações de detetives particulares acusados de realizar escutas telefônicas clandestinas, assim como pedidos de envio de ofícios e documentos sigilosos à comissão --entre eles informações às empresas de telefonia Vivo, Claro, Nextel, Oi/Telemar e TIM.