postado em 05/11/2008 09:02
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás cassou em sessão realizada ontem o mandato do deputado federal José Tatico (PTB-GO), sob acusação de uso de caixa 2. O parlamentar que tem base eleitoral no Entorno do Distrito Federal não incluiu na prestação de contas despesas com, pelo menos, 15 carros de som, cinco comitês eleitorais, 186 cabos eleitorais, e gastos acima de R$ 5 mil com combustível em 10 municípios goianos durante na última campanha eleitoral, de acordo com a decisão judicial.
A denúncia partiu, em 2006, do então procurador regional eleitoral de Goiás, Hélio Telho. O Ministério Público apontou irregularidades em ações de campanha de Tatico praticadas em pelo menos 10 cidades: Luziânia, Cidade Ocidental, Valparaíso, Pontalina, Minaçu, Uruaçu, Firminópolis, Santo Antônio do Descoberto e Jussara. Na sessão de ontem, o TRE-GO confirmou parecer do atual procurador regional, Cláudio Drewes, que pediu a cassação do diploma do deputado.
De acordo com o TRE-GO, a comprovação da existência do caixa 2 resultou de uma ampla investigação que contou com a participação de promotores eleitorais. Durante a apuração, as prestações de contas dos candidatos foram analisadas com lupa. Foram criados dossiês individuais de diversos candidatos, compostos de documentos que mostravam as despesas das campanhas. Segundo informações do TRE-GO, o cruzamento desses documentos com os dados da prestação de contas feita pelos candidatos na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet apontou os gastos ilícitos.
Na decisão, os juízes do TRE consideraram que as irregularidades praticadas pelo candidato se referem justamente à exclusão dessas despesas na prestação de contas da campanha. Tatico não foi localizado ontem. O parlamentar ainda poderá apresentar recurso ao TSE. O deputado goiano é dono de uma rede de supermercados que leva o seu nome. Proprietário também de fazendas em Goiás, ele começou a vida pública no Distrito Federal em 1998, quando foi eleito deputado distrital com 16 mil votos. Foi o quarto mais votado. Quatro anos depois, elegeu-se para um mandato de deputado federal ainda pelo Distrito Federal.
Na Câmara Federal, foi alvo de investigação por suposta participação num esquema de roubo de cargas na região do Entorno e no triângulo mineiro. Ele também foi acusado de mandar servidores da Câmara Legislativa trabalharem em seus supermercados. O parlamentar sempre negou todas essas acusações.