Jornal Correio Braziliense

Politica

Tarso insinua que há grupos organizados interessados na sua saída do governo

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O ministro Tarso Genro (Justiça) negou nesta quinta-feira que pretenda deixar a pasta. Mas insinuou que há grupos interessados em desestabilizar sua permanência no governo com o objetivo de instrumentalizar o Ministério da Justiça para fins políticos. O ministro rebateu a hipótese de estar "magoado" por causa da disputa de interpretações sobre a eventual responsabilização dos crimes de tortura cometidos durante a ditadura. "Eu acho que efetivamente são boatos ou então lobby de algum grupo criminoso que esteja sendo investigado pela Polícia Federal ou eventualmente de algum grupo fora do mundo político que queira utilizar o ministério para fins políticos, coisa que não autorizo nem permito aqui", afirmou o ministro, referindo às informações que ele poderia deixar o governo. "[Mas] é uma coisa normal." Tarso rechaçou ainda que esteja magoado com a posição da AGU (Advocacia Geral da União) que é contrária à responsabilização dos crimes de tortura da ditadura (1964-1985). Nos últimos dias, a disputa de interpretações sobre o assunto foi parar no Palácio do Planalto, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o advogado-geral da União, José Antônio Toffoli, sobre o assunto. Interlocutores do governo afirmaram que Tarso teria se incomodado com o fato de haver resistências de setores da AGU em rever o parecer que indicava a impossibilidade de inclusão dos casos de tortura como crimes. O ministro chegou a informar que a AGU estava decidida a efetuar a revisão. Nesta quinta-feira, ele negou estar magoado com as divergências. "Eu intrego um governo plural e tenho uma firme referência que o presidente imprime ao governo e eu já tenho experiência política o suficiente para não ficar magoado com disputas conceituais e visões políticas", disse Tarso.