Politica

Protógenes acusa Dantas de articular afastamento de juiz da Satiagraha

;

postado em 07/11/2008 17:33
O delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, denunciou nesta sexta-feira a existência de uma articulação supostamente comandada pelo banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, para afastar o juiz Fausto De Sanctis, da 6¦ Vara de Justiça Criminal de São Paulo, das investigações da Operação Satiagraha. Protógenes disse que De Sanctis vai ser afastado do caso porque pretende expedir, nos próximos dias, sentença condenando o banqueiro por crimes de gestão fraudulenta e corrupção. "São dois pedidos de suspeição que estão tramitando e há uma discussão de cúpula com intuito de macular um trabalho isento, um trabalho digno e honesto de um juiz com a capacidade técnica à altura do que a magistratura brasileira merece e há esse intuito de tentar afastá-lo", disse o delegado. Protógenes afirmou que existe um "estratagema sórdido" articulado por Dantas para impedir que o juiz continue no caso. O delegado atribui às articulações do banqueiro os mandados de busca e apreensão realizados em sua residência, esta semana, pela Polícia Federal. "Essa busca e apreensão é um estratagema sórdido implantado pelo seu Daniel Dantas para poder confundir os trabalhos da investigação da [Operação] Satiagraha, que ele é o alvo principal, e nós investigadores passamos a ser investigados, passamos a ser acusados de crimes que nós não cometemos", afirmou. Protógenes disse que, se De Sanctis for afastado do caso, a Justiça vai acabar por não condenar o banqueiro. "Nos próximos dias o doutor Fausto De Sanctis vai expedir uma sentença que eu tenho certeza que vai ser condenatória. Tenho certeza que o doutor Fausto De Sanctis vai dar uma sentença a altura do que a sociedade esta esperando", afirmou. O juiz foi responsável por decretar as duas prisões temporárias de Dantas durante a Operação Satiagraha. O banqueiro foi solto, nas duas ocasiões, após habeas corpus concedidos pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes. O plenário do STF referendou ontem os habeas corpus de Mendes com críticas à PF e ao juiz --a quem os ministros acusaram de "insolente" por ter desrespeitado a primeira decisão do STF, Corte de maior instância. Busca Na quarta-feira, a PF cumpriu mandados judiciais de busca e apreensão no apartamento do delegado, alugado em Brasília, no quarto de hotel que costuma ocupar em São Paulo e no apartamento de seu filho, no Rio. As buscas também tiveram como alvo casas de outros policiais federais que atuaram na Operação Satiagraha. Em julho, a operação levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas e outros executivos do banco Opportunity, além do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. De acordo com reportagem da *Folha*, os policiais levaram um notebook, o telefone celular e um rádio usados por Protógenes, e o quarto do hotel foi revirado pelos policiais, que disseram buscar evidências de vazamento da Satiagraha. Em nota oficial, a PF afirma que cumpriu "em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de São Paulo no interesse das investigações sobre o vazamento de dados sigilosos da Operação Satiagraha". Segundo a Polícia Federal, a investigação sobre vazamentos é presidida "por autoridades da corregedoria geral" da PF, ligada à direção geral do órgão, em Brasília. O ministro Tarso Genro (Justiça) saiu hoje em defesa da ação da PF ao afirmar que os mandados foram realizados com autorização judicial, dentro do inquérito que apura vazamentos da Operação Satiagraha. A reportagem não conseguiu localizar os advogados de Dantas para comentar a acusação de Protógenes.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação