Politica

Protógenes Queiroz apresenta sua versão sobre Satiagraha

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postado em 08/11/2008 08:35
O delegado Protógenes Queiroz, responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas em julho passado, afirmou ontem que ;o atual momento político no Brasil é de proteger bandido;. Afastado do comando da Operação Satiagraha, Queiroz teve, na última quarta-feira, o quarto de hotel onde se hospeda em São Paulo, seu apartamento em Brasília e a casa de seu filho, no Rio de Janeiro, vasculhados pela PF por ordem judicial. ;As buscas enfraquecem minha condição de delegado e mostram o poder extremo a que chegou esse bandido Daniel Dantas e sua penetração em altas esferas do poder;, declarou o policial, dizendo-se vítima de uma ;perseguição brutal; por parte das cúpulas do Poder Judiciário e da Polícia Federal. Queiroz classificou como ;agressão e tentativa de intimidação a uma instituição de Estado; a busca e apreensão no escritório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Rio. ;Foi um excesso total e eles vão responder por isso;, disse, pouco depois de uma palestra realizada em uma faculdade de Brasília, onde revelou, para uma pequena platéia, que pensou em pedir demissão da corporação, mas desistiu por entender que sua saída significaria a vitória do banqueiro. ;Não vou deixar a população órfã nesse momento;, discursou. O advogado de Dantas, Nélio Machado, classificou como ;delírio; as afirmações do delegado. Para Queiroz, houve um ;pacto de silêncio; de quem, segundo ele, deveria se manifestar a seu favor. O delegado ressaltou que está levantando as arbitrariedades para entrar na Justiça contra seus supostos agressores. Na sua palestra, ele afirmou que retorma ao trabalho no dia 26, quando termina sua licença e o curso superior de polícia. E disse quem será seu alvo: Daniel Dantas. ;Me aguardem, eu não vou me acovardar agora;, disse ele à platéia, onde também estava sua mulher, Heloísa. Ela acusa policiais de faltarem com respeito durante as buscas. Ela contou que cinco agentes federais chegaram à residência por volta das 5h40, quando ainda estava escuro ; fora do horário permitido para este tipo de ação, que é 6h. ;Eles chegaram dando socos e chutando minha porta com força. Só vi que não eram bandidos depois que me certifiquei pelo olho mágico;, explicou. Protógenes dificilmente presidirá qualquer investigação de grande repercussão ou será reintegrado à Satiagraha. Mesmo sendo considerado um bom policial, o delegado é visto por alguns setores dentro da polícia como um transgressor de regras e indisciplinado. Além disso, é um dos suspeitos de vazamento da ação ocorrida em julho. Mesmo alguns aliados do delegado tacharam suas ações de exageradas. Porém, as buscas realizadas na residência do delegado dividiram a PF. O ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu a determinação de seus subordinados na PF e afirmou que se Queiroz não tiver ;nenhuma conta a pagar, não será prejudicado;. Clima tenso As buscas realizadas dentro na Abin causaram um constrangimento entre a instituição e a PF, até maior do que a ação na casa que Queiroz e seus familiares. ;Foi extemporâneo o que a Polícia Federal fez;, afirmou um agente de inteligência ligado à cúpula da corporação. ;Em nenhuma investigação se faz buscas dois meses depois de o fato apurado ter acontecido;, acrescenta a fonte, observando que a ação foi conseqüência do vazamento da Operação Satiagraha, que foi realizada em julho passado. Na Abin, o clima era de revolta não apenas com setores da PF, mas principalmente com a direção policial. Apesar do desgaste ocasionado pela renovação de seu afastamento, o diretor da agência, Paulo Lacerda, disse a interlocutores que mantém a decisão de continuar no cargo depois do encerramento do inquérito que apura a realização de grampos no Supremo Tribunal Federal (STF). Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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