Politica

Presidente do CNJ vê pré-julgamento nos nomes das operações da PF

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postado em 10/11/2008 08:54
Quando desencadeou a Operação Selo, em agosto do ano passado, a Polícia Federal recebeu diversos e-mails com reclamações sobre o nome escolhido para batizar a ação. Um deles, encaminhado a partir de Salvador, criticava a falta de criatividade dos delegados, que já havia dado denominações bem mais interessantes às investigações. Na semana passada, os nomes das operações também foram motivos de polêmica. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que também comanda o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), recomendou aos juízes que não adotem nos processos os nomes da PF para não fazer pré-julgamentos. Em 685 operações realizadas desde 2003, muitas ficaram marcadas não apenas pela repercussão que causaram, mas também pelos nomes. A maior parte deles foi dada pelo delegado Zulmar Pimentel, ex-diretor executivo da instituição. Evangélico, o policial se inspirou na Bíblia para atribuir às ações policiais denominações como Zaqueu ; ação da PF realizada em Manaus que tinha como meta prender fiscais corruptos. O personagem bíblico Zaqueu era um coletor de impostos que depois se converteu ao cristianismo. Dentro da PF, a ordem é evitar polêmica, como já ocorreu no STF, onde o ministro Marco Aurélio de Mello se manifestou contrário à recomendação do colega Gilmar Mendes. Policiais afirmam que muitas vezes nomes diferentes ajudam nas investigações. Zulmar, por exemplo, nomeava as ações como forma de dificultar a identificação dos alvos da operação. Uma delas aconteceu no interior do Rio de Janeiro. Foi chamada de Petisco. A meta era prender traficantes da Favela do Tira-Gosto, em Campos. ;O nome não influencia no processo e não faz pré-julgamentos;, afirma um delegado da PF, que prefere o anonimato para evitar polêmicas. Ele concorda com a posição de Zulmar Pimentel quanto ao sigilo das operações. ;O nome inclusive evita vazamentos internos, como já ocorreu;, diz o policial. Um outro exemplo foi a Operação Cinderela. Seu objetivo foi capturar um assaltante de banco que havia esquecido um calçado durante um roubo. Pelo objeto a PF chegou a uma quadrilha. Mosquito Mesmo com a mudança da cúpula da PF, em setembro do ano passado, e a saída de Zulmar ; denunciado pelo Ministério Público sob a acusação de vazar informações da Operação Navalha ;, nomes tradicionais ou próprios continuam sendo evitados, principalmente quando se trata de ações de combate à corrupção. A mais recente foi chamada de Anopheles, que investigava desvios de dinheiro da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Roraima. O dinheiro era para combater a malária, transmitida pelo mosquito anofelino. Com nomes estranhos, difíceis ou polêmicos, a PF avalia que as operações têm produzido bons resultados nos últimos cinco anos. Desde 2003, foram presas 9,9 mil pessoas. Criatividade Praga do Egito Conhecida também como Gafanhoto, a ação prendeu uma quadrilha que falsificava folhas de pagamento de servidores de Roraima. O gafanhoto, inseto comedor de folhas, foi uma das sete pragas do Egito Cavalo de Tróia A operação prendeu 27 pessoas acusadas de criar sites falsos para entrar em senhas de clientes de banco Anaconda Ação contra a venda de sentenças judiciais. Prendeu integrantes do Judiciário, policiais e advogados. Ganhou este nome numa alusão à cobra conhecida por sua agilidade e facilidade em devorar as presas Matusalém A ação desbaratou fraudes praticadas por funcionários do INSS. O nome é uma alusão ao personagem bíblico Matusalém, que teria vivido 969 anos Vampiro Prendeu 17 pessoas, incluindo funcionários do Ministério da Saúde e lobistas. Recebeu este nome porque tinha como alvo fraudes em licitações de derivados de sangue Monte Éden Desbaratou esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal. O centro de operações do grupo era Montevidéu, capital do Uruguai, e paraíso fiscal, o Éden Deus nos acuda Prendeu três arapongas envolvidos nas gravações dos Correios. Foi dado este nome por causa de uma frase de um dos envolvidos que dizia que a partir de agora ;Deus nos acuda;

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