Politica

PF investiga ação de agentes da Abin no caso que levou à prisão Daniel Dantas

;

postado em 11/11/2008 08:38
Pelo menos dois arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) acessaram clandestinamente o Guardião, o principal aparelho de escuta telefônica da Polícia Federal. O fato aconteceu em março, na Superintendência da PF em São Paulo, durante as investigações que resultaram na Operação Satiagraha, desencadeada em julho passado. Os arapongas entraram no prédio sem identificação, acompanhados de policiais federais que lhes davam cobertura. Os agentes de inteligência contaram em depoimentos oficiais que a tarefa fora repassada pelo delegado Protógenes Queiroz, e era coordenada por seus auxiliares. Protógenes pode ser indiciado por vazamentos ocorridos durante a operação. Ontem, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse, no Rio, que os erros cometidos na ação policial estão sendo corrigidos. Para ter acesso ao equipamento de escuta, os arapongas usaram senhas de dois agentes federais sem que eles soubessem. A presença dos arapongas também foi confirmada por 32 fotografias de imagens gravadas pelo sistema de vídeo interno, onde estão registradas a movimentação dos servidores da Abin, que tinham a missão de ouvir gravações, fazer transcrições de diálogos e realizar pesquisas sobre suspeitos. O trabalho foi realizado no 9º andar da superintendência. ;Para chegar à sala, foi necessário passar por duas portas, que foram abertas com a identidade de policiais (da equipe de Protógenes). Eles chegavam, passavam a identidade e as portas se abriam;, contou um dos arapongas em depoimento ao delegado Amaro Vieira Ferreira, da Corregedoria-Geral da PF em Brasília. Os alvos dos grampos, segundo ele, eram o banqueiro Daniel Dantas, controlador do Opportunitty, sua irmã Verônica e outros funcionários do banco. Outro agente de inteligência disse que ouvira conversas longas de outros envolvidos, inclusive Celso Pitta, ex-prefeito de São Paulo. Exemplo Tarso Genro disse que Protógenes promoveu uma ação ;espetaculosa; que servirá como exemplo negativo. ;A Satiagraha será exemplar na correção de erros que ocorreram ; e estão sendo corrigidos ; e paradigmática no próprio inquérito;, disse o ministro, após encontro com o prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), na Fundação Getúlio Vargas (FGV). O delegado poderá ser indiciado pela PF pelos crimes de quebra de sigilo funcional, desobediência, usurpação de função pública, prevaricação e violação telefônica. A pena prevista é de ao menos três anos e meio. ;É um inquérito normal, está no caminho legal, processual. As investigações do caso Daniel Dantas continuam sendo feitas e não foram interrompidas em nada;, declarou o ministro. Segundo ele, se Protógenes ;não cometeu nenhum erro, sairá fortalecido. Se cometeu, vai ser julgado pela Justiça;. ;Não tem nenhuma interferência (do ministério), nem nenhuma intimidação. Ao contrário, isso dá tranqüilidade para os policiais e para a sociedade, porque se vê que a PF também cuida dos seus quando cometem eles algum erro;, disse Tarso.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação