postado em 12/11/2008 18:17
O PSDB vai ingressar com um pedido de investigação no MPF (Ministério Público Federal) sobre as atividades da Polícia Federal e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) depois da disputa interna entre os dois órgãos nos desdobramentos da Operação Satiagraha. O partido quer esclarecer o funcionamento dos serviços de inteligência do governo na condução de escutas telefônicas ao apontar a "disseminação" de grampos clandestinos envolvendo a PF e a Abin.
No requerimento que será encaminhado ao MPF, os tucanos afirmam que houve "conduta ilícita" dos agentes públicos na "ação deliberada de proceder escutas sem autorização legal".
O objetivo do partido é apurar, além da execução das escutas, a disputa interna entre a PF e a Abin em torno da Satiagraha --com o pedido de investigações sobre o Ministério da Justiça, diretores da Abin e da PF.
"É incompreensível se chegar ao grau de deterioração entre esses dois órgãos. Tem que se investigar as contradições entre a Polícia Federal e a Abin, a busca e apreensão de documentos na agência e o acesso a dados sigilosos", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), integrante da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas.
A oposição vai defender que a CPI, na reta final dos trabalhos, convoque para prestar depoimento os ministros Tarso Genro (Justiça) e Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional) --responsáveis por órgãos a quem a PF e a Abin são subordinadas. *Polêmica* A troca de farpas entre a Abin e a PF teve início depois que o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Satiagraha, admitiu que utilizou homens da agência na investigação. A Abin é acusada de usar equipamentos para realizar escutas telefônicas durante a operação, o que não é previsto entre as suas prerrogativas. O caso resultou no afastamento de Paulo Lacerda, ex-diretor geral da Abin. A PF instaurou inquérito para apurar irregularidades cometidas durante a Satiagraha, depois que Protógenes foi afastado das investigações. O delegado é acusado de vazar informações da operação à imprensa para permitir a captação de imagens de presos por policiais federais na Satiagraha.
Durante a operação, a PF teria apreendido informações estratégicas da Abin. Reportagem da *Folha* afirma que há dados operacionais sobre temas sensíveis de interesse político, militar e econômico. Os arquivos também conteriam nomes de informantes e funcionários de inteligência, inclusive adidos estrangeiros que cooperam com a agência --o que abriu uma nova crise entre a PF e a Abin.