postado em 13/11/2008 08:47
O sonho de uma chapa única para a Presidência da Câmara dos Deputados acalentado pelo presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), virou um pesadelo. Não só porque Ciro Nogueira (PP), o candidato do ;baixo clero;, anunciou que sua candidatura é irreversível. O deputado Milton Monti (PR-SP), que também faz parte da base, articula o lançamento de sua candidatura, ampliando a divisão entre os governistas. Para complicar ainda mais a vida de Temer, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB), ex-presidente da Casa e ex-ministro da Articulação Política, se reuniu com os líderes do bloquinho, formado por seu partido, o PSB e o PDT, e fez um pacto de não-adesão à candidatura do PMDB.
;O jogo agora é que está começando;, ironiza Aldo, cuja candidatura está sendo aventada no bloquinho PSB-PDT-PCdoB, por iniciativa do líder pedetista Vieira da Cunha (RS). Aldo desconversa: ;Não posso ser derrotado duas vezes;. O comunista tentou a reeleição no ano passado para a Presidência da Câmara, mas foi derrotado pelo atual presidente, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que conseguiu o apoio de Temer. Na época, foi feito o acordo de revezamento entre os dois partidos na Presidência, que hoje é a viga-mestra da candidatura de Temer. Ocorre que os demais aliados da base não concordam com a dobradinha PT-PMDB.
Contratempo
O presidente do PR, Waldemar Costa Neto, e o líder da bancada, Luciano Castro (RR), chegaram a assumir compromisso de apoiar Temer, mas não houve acordo fechado com a bancada, que agora lança a candidatura de Milton Monti. ;O Waldemar e o Luciano manifestaram apoio a Temer há dois anos, quando a bancada não cogitava lançar um candidato. Agora, a situação é outra, a bancada quer um candidato próprio e só não formalizei a minha candidatura ainda por causa desse contratempo. Na próxima semana, vamos reunir a bancada e lançar meu nome oficialmente;, anuncia Monti. Ele está confiante: ;Vou ganhar a eleição;.
O novo cenário acendeu a luz vermelha no PT, cuja bancada está formalmente comprometida com Temer. A cúpula do partido honra o acordo feito na eleição de Chinaglia, mas a bancada ficou isolada na base governista. Além disso, os petistas não confiam no apoio maciço da bancada do PMDB a Temer. O motivo é a insatisfação do poderoso primeiro-secretário da Mesa, deputado Osmar Serraglio (PR), cuja candidatura foi abortada pelo líder do PMDB, Henrique Alves (RN). A Primeira-Secretaria sempre teve peso eleitoral, mas não está a serviço da candidatura de Temer. A rigor, ninguém sabe ainda o rumo de Serraglio na eleição.
Temer também não conta com o apoio do ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB-PE), ele próprio é um potencial candidato ao cargo. Múcio nunca defendeu a candidatura de Temer e sempre advertiu que Ciro Nogueira, seu principal adversário, deveria ser levado a sério. Outro complicador é a crise entre as bancadas do PMDB e do PT no Senado. A candidatura de Tião Viana (PT-AC) não foi digerida pelos caciques peemedebistas, que são adversários de Temer na disputa pelo controle do PMDB e podem desestabilizá-lo na própria bancada peemedebista da Câmara.