postado em 14/11/2008 09:10
A Polícia Federal está encontrando dificuldades para abrir os discos rígidos (HDs) dos computadores apreendidos pela Operação Satiagraha no Grupo Opportunity, de Daniel Dantas. Os HDs estão blindados por combinações que os peritos não conseguem decifrar. A PF poderá recorrer a técnicos dos Estados Unidos. Na sexta-feira, ela entregou relatório de 240 páginas à Justiça Federal apontando procedimentos adotados depois que o inquérito saiu das mãos do delegado Protógenes Queiroz.
O documento reforça e aprofunda suspeitas sobre atividades do Opportunity. Uma parte do relatório transcreve trabalho de Protógenes. O inquérito foi retomado pelo delegado Ricardo Saadi. A conclusão da investigação depende da perícia nos HDs, a cargo do Instituto Nacional de Criminalística da PF. Por causa do transtorno da PF em acessar os HDs, a Procuradoria da República poderá oferecer denúncias criminais em separado. Os arquivos criptografados complicam a produção de provas sobre crimes financeiros, mas a análise de papéis recolhidos pela Satiagraha já permitiriam acusação formal contra Dantas por lavagem de capitais.
"A questão não é se os HDs são criptografados ou não, a questão é que esses arquivos não podem ser abertos, em respeito ao sigilo que protege os clientes do banco", protestou Nélio Machado, criminalista que defende Dantas. "Não é que tenhamos receio com relação ao conteúdo dos HDs. O problema é que estamos caminhando passo a passo com mentiras que querem transformar em verdade." O advogado reclamou que nem a PF nem a Justiça deram acesso ao novo relatório. "Continuam agindo sob o manto do segredo, sem transparência. Daniel Dantas é inocente. O que há são interesses espúrios."