postado em 14/11/2008 19:30
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, confidenciou nesta sexta-feira ter ficado surpreso ao ler as declarações do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a seu respeito. O petista reagiu à cobrança de Ayres Britto para que a Casa cumpra a resolução que trata de fidelidade partidária. Para o ministro, as palavras de Chinaglia foram "ásperas" e "agressivas".
"Eu me surpreendi. Para minha surpresa e desagrado, senti um tom áspero e agressivo mesmo [nas declarações]. Mas, desde que possa administrar esse impasse nos marcos da institucionalidade, tenho toda a pré-disposição para virar a página. Até porque no plano pessoal, meu baú de guardar mágoas tem o fundo aberto. É da minha natureza", disse. Ayres Britto se esforçou para por um ponto final no embate que o envolve com Chinaglia. Mantendo seu estilo poético e musical, o ministro optou pela metáfora ao tratar do caso.
"Confesso que no momento não me preocupei com ele, mas comigo. Como aquela música do Djavan, ´Flor de Liz´, eu pensei: onde foi que eu errei?", reagiu o presidente do TSE, informando que leu e releu as reportagens nas quais apareciam suas palavras e não identificou nada que considere "excessivo" ou "desrespeitoso". Ayres Britto reiterou ainda que não há crise institucional envolvendo o Judiciário e o Legislativo. "Nem eu sou o presidente do Judiciário, nem ele é o presidente do Congresso Nacional [no caso o Legislativo]", disse.
Ontem, ao ser questionado por jornalistas se iria cumprir a resolução do TSE referendada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que determina a perda de mandato de parlamentares que trocaram de legenda fora dos prazos fixados, Chinaglia reagiu.
Do plenário da Câmara, o petista criticou o Judiciário, levantou a possibilidade de Ayres Britto estar interferindo no Legislativo e sugeriu que o ministro se contivesse nas suas atitudes e palavras. "Pedirei que o presidente do TSE se contenha e não faça cobranças públicas porque serei obrigado a cobrá-lo também", disse Chinaglia.
A reação do presidente da Câmara se referiu especificamente ao caso do deputado Walter Brito Neto (PRB-PB), que trocou o DEM pelo PRB fora do prazo fixado pelo TSE, mas teve o mandato preservado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa. Para Ayres Britto, a Câmara deve substituir o deputado por seu suplente. Mas Brito Neto avisou que vai recorrer à decisão do TSE.