Politica

Governo evita temas polêmicos da reforma política e investe em janela para permitir troca-troca

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postado em 16/11/2008 09:32
Apesar de declarar em público que a reforma política é prioridade, o governo não faz questão de aprová-la. Pode até defender no Congresso um conjunto de medidas, como os ministros José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) e Tarso Genro (Justiça) têm feito, mas a meta é tirar do papel, em 2009, apenas a abertura de uma janela para a infidelidade partidária. E, se for possível, uma nova cláusula de barreira, desidratada em relação à que foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mantido o plano traçado no Palácio do Planalto, não haverá mobilização para garantir a tramitação do financiamento público exclusivo de campanhas, do voto em lista fechada e da redistribuição do tempo de propaganda eleitoral nas eleições majoritárias. O motivo é simples: o governo não quer temas polêmicos na mesa de negociação enquanto a regulamentação da fidelidade partidária não for realizada. Teme que assuntos espinhosos possam atrapalhar a união entre PT, PMDB e PSDB em torno da idéia de permitir a troca de legenda sem risco de perda de mandato, além de contaminar outras operações consideradas relevantes, como a eleição para as presidências da Câmara e o Senado, a ser realizada em janeiro, e a votação da reforma tributária. O roteiro governista decorre da reação dos parlamentares às sugestões feitas ao Congresso em agosto. O pacote sugerido sofreu rejeição imediata. Primeiro, por ser considerado uma intervenção indevida do Executivo em assunto do Legislativo. Segundo, pelo conteúdo. A lista sugerida prevê, entre outros, alteração na divisão do tempo do horário eleitoral. A idéia é a de que uma coligação inscrita em disputa majoritária tenha só o tempo proporcional destinado ao maior partido da aliança. Ou seja, ao contrário de hoje, legendas atraídas para a chapa não acrescentariam minutos na propaganda eleitoral. ;Almeja-se permitir certa negociação entre os partidos com grande redução, no entanto, do valor do tempo dos pequenos partidos;, destacam Múcio e Genro em texto distribuído aos parlamentares. Mais espaço Um assessor do presidente reconhece que a iniciativa também pode contrariar legendas de médio e grande portes, como PTB e PMDB. Na última corrida pela Prefeitura de São Paulo, o apoio dos peemedebistas foi disputado por Marta Suplicy (PT) e o candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM). O democrata venceu a contenda e, graças ao tempo do PMDB, teve mais espaço no horário eleitoral, durante o primeiro turno, do que a ex-ministra. ;Quem vai cuidar da reforma é o Legislativo. Nós apresentamos sugestões, falamos da necessidade de aprová-la e todos concordaram. Agora, cabe a eles decidirem quais pontos votar;, afirma Múcio. ;Acho que o Congresso vai ver a questão da fidelidade e da cláusula de barreira em 2009;, acrescenta o ministro. O segundo ponto consta da aposta de Múcio porque também conta com o apoio de PT, PMDB e PSDB. E, pelo mesmo motivo, da janela para a infidelidade partidária. Qual seja: contribui para dificultar a sobrevivência de siglas de menor porte e, na outra ponta, para a engorda das grandes agremiações. Pelos cálculos do Ministério da Justiça, 14 dos 27 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) podem deixar de existir caso a nova cláusula seja aprovada. ;A definição de uma cláusula é coerente com o fortalecimento dos partidos políticos de respaldo ideológico e com a redução drástica do chamado fisiologismo;, declaram Múcio e Genro no documento de apresentação das sugestões. Pelo texto, só exercerão mandato de deputado federal, estadual ou distrital as siglas que conquistarem 1% dos votos válidos na eleição para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. Se a regra já estivesse em vigor em 2002, Enéas Carneiro, o candidato mais votado em São Paulo, não teria assumido um mandato de deputado federal, assim como seus colegas de Prona (hoje PR) beneficiados pelo quociente eleitoral. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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