postado em 17/11/2008 15:59
Em viagem à Alemanha, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, acompanha o noticiário sobre as suspeitas de grampo telefônico e escutas ambientais envolvendo ministros da Suprema Corte. A Folha Online apurou que Mendes conversou com integrantes do governo e pediu que fossem tomadas providências urgentes, uma vez que no fim de semana vieram à tona mais dados que apontam indícios sobre escutas contra a Corte.
Interlocutores de Mendes informaram que ele conversou, por telefone, com os ministros Tarso Genro (Justiça) e Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional), além do diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. Na conversa, Mendes pediu urgência nas apurações.
Para pessoas próximas ao presidente do STF, não há dúvidas sobre o fato de ter ocorrido grampo telefônico no tribunal. Segundo interlocutores, o ministro disse que não há hipótese de espionagem ter sido apenas um alarme improcedente. Na opinião de Mendes, de acordo com interlocutores, mais informações sobre o assunto virão à tona.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) vai encaminhar nesta terça-feira ao STF cópia da fita da reunião realizada na sede da Polícia Federal que resultou no afastamento do delegado Protógenes Queiroz do comando da Operação Satiagraha. Na fita, o delegado teria supostamente admitido que houve espionagem no gabinete de Mendes.
Segundo o blog do Josias, Protógenes mencionou, sem dar detalhes, um "trabalho de inteligência" feito no Supremo. "Nós sabíamos que tinha um HC [habeas corpus] já preparado, já um outro HC, que estava sendo gestado no gabinete no Supremo Tribunal Federal... né? E em escritórios de advocacia. Isso em trabalho de inteligência que nós...", diz um trecho interrompido da fita.
Jungmann disse à Folha Online que recebeu a fita na semana passada, dois meses depois de ter requisitado o seu conteúdo à PF. O deputado afirma que tem, em mãos, as duas horas e 55 minutos de gravações da reunião em que Protógenes e a cúpula da Polícia Federal definiram os rumos da Satiagraha.
"Eu vou ouvir o teor da fita nesta segunda-feira e, na terça-feira, vou encaminhá-la ao STF. O requerimento foi apresentado individualmente por mim, acho que a CPI [das Escutas Clandestinas da Câmara] não teve acesso à fita", afirmou.
A gravação foi realizada em julho, quando o governo divulgou apenas quatro minutos de gravação --embora a reunião tenha durado quase três horas. Os trechos divulgados pela PF sinalizavam que Protógenes teria sido afastado do comando da Operação por vontade própria, o que posteriormente acabou desmentido pelo próprio delegado.