postado em 18/11/2008 09:20
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. E, por enquanto, só dele mesmo. Partidos governistas não estão dispostos a se alinhar de forma automática, a dois anos das eleições, à ;mãe do PAC;. Resistentes à escolha, preferem bater o martelo sobre a sucessão em 2010, para saber como estarão a economia brasileira e a avaliação positiva do governo no último ano de mandato de Lula. A lógica é simples: quanto maior o índice de aprovação do presidente e o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), maior será a chance de adesão a Dilma.
As legendas também manterão as negociações em banho-maria devido à descrença quanto à possibilidade de a ministra se tornar uma candidata competitiva. O discurso entre aliados é uníssono: falta à ;gerente da máquina; jogo de cintura para lidar com eleitores, além de bom relacionamento com os políticos, os quais são fundamentais na montagem dos palanques. ;Receber apoio do Lula é maravilhoso. Agora, se o sujeito não sabe pedir voto nem se relacionar, aí complica;, diz um líder do governo, habitué do Palácio do Planalto e amigo da ministra, resumindo o ceticismo reinante.
Por orientação do presidente, Dilma tenta reduzir as resistências. Há duas semanas, por exemplo, recebeu em casa, para um café-da-manhã, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Lula quer os peemedebistas na chapa da ministra, representados no posto de vice. Mas eles acham cedo para trocar alianças. Em público, alegam sonhar com um candidato próprio. Na prática, trilharão o caminho que garantir à legenda a chance de acumular mais poder. Isso pode ser feito por meio da neutralidade no páreo ou da adesão ao concorrente mais bem-colocado nas pesquisas de intenção de voto, seja do PT ou do PSDB.
Simpatia
;A ministra pode vir a ser uma grande candidata. Ela tem conversado mais, está mais aberta. Antes, se retraía muito, aparentava um certo desprezo, antipatia;, diz Alves. Vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (RS) afirma que seu partido, o PSB, trabalhará pela candidatura do deputado Ciro Gomes (CE), que já disputou duas vezes a Presidência. Entre outros motivos, porque Ciro aparece sempre acima de dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto, enquanto a ministra ainda não alcançou 10% da preferência do eleitorado. ;A ministra é a preferida do Lula, mas nem do PT ela é. Não vejo como necessidade a base governista ter um único candidato;, declara Albuquerque.
Parceiro do PSB no chamado bloquinho de esquerda no Congresso, o PDT entoa discurso parecido. Segundo o presidente em exercício da legenda, deputado Vieira da Cunha (RS), há disposição, mas não compromisso, para a formação de uma frente ampla visando à próxima eleição presidencial. Ele acrescenta que, além da eventual candidatura de Dilma, a sigla analisará o nome sugerido pelos socialistas e a possibilidade de lançar um concorrente próprio. Em 2006, o senador Cristovam Buarque (DF) figurou no páreo. Em conversa recente, Lula pediu a ele que convencesse o PDT a aderir a Dilma.
Em entrevista na página do PTB na internet, o presidente do partido, deputado cassado Roberto Jefferson (RJ), avisa que os petebistas não decidiram se marcharão com Lula ou a oposição em 2010. Além disso, reforça o coro das dúvidas sobre o potencial eleitoral de Dilma. ;Ela é gerentona, honesta e arrumou a Casa Civil. Não vejo jogo de cintura. Falta um sorriso mais contagiante;, diz Jefferson. ;A ministra é uma técnica excelente, mas como político não tem experiência. E como o cargo de presidente da República é essencialmente político%u2026;, declara o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR).