postado em 18/11/2008 09:26
Em meio a uma crise aberta pela falta de definições no diretório regional do PDT, o senador Cristovam Buarque tem uma certeza: quer ser candidato novamente à Presidência da República. Ele já conversou sobre o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas foi encorajado a concorrer a um novo mandato no Senado, ao lado do PT. O ex-governador do Distrito Federal garante que está disposto a entrar na disputa nacional, mesmo que seja para correr o risco de ficar quatro anos sem um cargo público. Fará isso para divulgar novamente a sua bandeira da educação.
Tudo, no entanto, ainda depende do PDT. O próprio Cristovam sabe que as chances são pequenas. A tendência nacional é de que os pedetistas apóiem o candidato da preferência do presidente Lula. O senador aposta que esse quadro pode mudar, caso seu nome comece a crescer durante as viagens que pretende fazer pelo país, para discutir o ;pós-Lula;, ao lado de nomes de expressão de outras legendas.
No DF, Cristovam avalia que o cenário está embolado. Ele considera difícil a sua reeleição no Senado contra candidatos que terão mais tempo de televisão e apoio da máquina administrativa. E ainda acredita que 2010 revelará um quadro nebuloso, com o antigo adversário, o ex-governador Joaquim Roriz (PMDB), numa aliança com o PT. Por enquanto, garante, o PDT apóia a gestão Arruda, mesmo com algumas ressalvas.
A vitrine da presidência
Por que o PDT tem discutido tanto o papel que deve desempenhar no governo Arruda?
No começo do governo, tivemos uma reunião em que prevaleceu, por ligeira maioria, participar, mas sob condições: que o governador executasse projetos característicos do PDT, como implantar horário integral nas escolas, erradicar o analfabetismo, voltar com diversos programas do governo de 1995 a 1998, e obviamente aproveitar alguns quadros do PDT. A impressão de alguns é de que isso não está ocorrendo. Mas o governo não está executando projetos que se identificam conosco. Na última reunião, prevaleceu a decisão de continuar no GDF insistindo nas políticas, pelo menos até março.
O senhor tem conversado sobre o assunto com integrantes do GDF?
Em abril de 2010, Paulo Octávio vai assumir o governo. Arruda vai ter de se licenciar para se candidatar a senador ou a vice-presidente. O vice-governador disse que iria agarrar a idéia de implantar o horário integral nas escolas e o programa de erradicação do analfabetismo. Vou entregar a ele uma proposta detalhada sobre o assunto. Se ele fizer isso, vai mostrar que é do meu partido educacionista.
O senhor acredita que o governador Arruda não será candidato à reeleição?
O Arruda tem me dito que vai cumprir o acordo que fez com o Paulo Octávio, se ele quiser. E o Paulo Octávio me disse que quer de qualquer maneira.
Na sua avaliação, o governador Arruda pode ser candidato à vice-presidência?
Tem muita gente falando isso.
O senhor tem pretensão de disputar a Presidência da República novamente?
Claro que quero isso. Faço política para fazer uma revolução no Brasil, por meio da educação. O capitalismo já mostrou que não constrói uma sociedade eficiente, justa, equilibrada e que preserve o meio ambiente. O socialismo mostrou que não constrói uma sociedade utópica, nega a liberdade individual e destrói o meio ambiente também. A saída é o educacionismo, escola igual para todos. Para mim, o que faz a revolução não é tomar o capital do capitalista e dar para o trabalhador. É colocar o filho do trabalhador na mesma escola do filho do capitalista. Isso só é possível fazer através do governo federal. Por isso, vou continuar lutando para ser candidato a presidente.
O senhor seria candidato mesmo com risco de perder e ficar sem mandato?Na conversa com o presidente Lula, o senhor falou sobre o Distrito Federal?
Sim. O presidente Lula pediu para eu estar junto com o candidato do PT. Eu disse a ele: fora do Distrito Federal não tenho a menor dificuldade em disputar com o PT. É uma questão política. Mas aqui, no contexto local, realmente a minha relação com o PT ainda tem muito de emocional.
O senhor descarta voltar ao PT?
Não há a menor possibilidade. Não tenho idade mais para mudar. A única mudança de partido foi muito dolorosa. Mas a minha relação com o PT, nunca vou descartar. Eu virei um político importante no Distrito Federal graças ao PT. E virei um político importante nacionalmente graças ao PDT.
O senhor acredita que o PT pode fechar uma aliança com Joaquim Roriz em Brasília?
Aí é que está... Eu disse isso ao presidente Lula. O PT está se encaminhando para uma aliança com o PMDB de Roriz. Aí fica difícil. Estou começando a temer que o vice do Paulo Octávio seja a Jaqueline (Roriz) e que o vice do Agnelo (Queiroz) seja o (Tadeu) Filippelli. Não sei o que o PDT faria numa situação como essa. É uma possibilidade inacreditável que Roriz tenha os pés dos dois lados. Seria um gesto de inteligência monumental de Roriz.
O senhor está dando a idéia...
Idéias boas nunca só você tem. Quando uma pessoa tem, outros já tiveram. Significa que o quadro está muito difícil para o PDT. Tenho consciência de que se houvesse eleição hoje para senador, eu seria eleito porque não existem outros candidatos. Mas depois que começa a campanha, que aparecem três, quatro, cinco candidatos, alguns com a máquina, com o tempo de televisão, aí a minha chance diminui.