Politica

Partidos não assumem decisão de evitar despesas em 2009

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postado em 19/11/2008 08:59
Um batalhão de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas cercou o gabinete da Presidência do Senado ontem para esperar o resultado da reunião entre os líderes de bancada e o ministro da Previdência, José Pimentel. Eles tentavam, sem sucesso, encontrar uma saída para o projeto que reajusta as aposentadorias e que provocará uma impacto de R$ 76 bilhões por ano aos cofres públicos. Os holofotes se voltaram para o senador Paulo Paim (PT-RS), o parlamentar governista autor do projeto que estoura as contas do governo. Enquanto Paim explicava por que o impasse continuava, o líder do DEM, José Agripino (RN), passou ao lado. Questionado sobre o encontro, deu uma resposta dura: ;Foi uma reunião para buscar desculpas. Todo mundo sabe que o projeto é inviável, mas ninguém quer aparecer como responsável pela rejeição dele;. Esse é o clima no Congresso hoje. Governo e oposição concordam que a crise econômica mundial exige medidas duras e impopulares, especialmente com o corte nos gastos públicos. Mas ninguém quer pagar o preço dessas medidas. Por isso, projetos que aumentam os gastos seguem em frente, apesar dos discursos preocupados. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), relator do projeto de Orçamento da União para 2009, é o responsável por fazer esse exercício impossível de conciliar aumento nas despesas com a queda de arrecadação provocada pela crise. Ele não conseguia esconder o desânimo ao sair da reunião com o ministro da Previdência. ;Ele (Pimentel) disse que o projeto é um problema do Congresso, mas é o governo que vai pagar a conta;, afirmou. Funcionalismo Ontem pela manhã, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, procurou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Queria falar de sua preocupação com as medidas provisórias que reajustam salários de 54 categorias do funcionalismo público. Só uma dessas medidas pode provocar um impacto de R$ 20 bilhões aos cofres públicos, nas contas do próprio governo. São resultados de acordos fechados antes da explosão da crise, quando o governo esperava que a economia brasileira crescesse quase 5% em 2009. Com a crise, o crescimento será menor e a arrecadação do governo também. Os reajustes se tornaram um problema. O petista e o tucano concordaram em tentar uma negociação para que os reajustes fossem submetidos a um ;pente-fino;, na expressão de Mercadante. ;Deve ficar apenas o que for essencial e inadiável;, defende. Mas o petista não se mostrava confiante. ;Eu venho falando em defesa da responsabilidade fiscal, mas parece que estou pregando no deserto;, reclamou. De fato, enquanto ele tentava negociar com o Planalto um adiamento, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), articulava a votação para hoje. ;As medidas provisórias viraram uma armadilha;, diz um ministro. ;Provocam um gasto altíssimo, mas é difícil enfrentar o funcionalismo;. A oposição vive sua própria contradição. Na segunda-feira, José Agripino foi à tribuna do Senado para condenar o aumento nos gastos com o funcionalismo, mas disse que votará a favor das medidas provisórias. ;Questionei o líder do governo sobre se havia dinheiro para pagar a conta e ele garantiu que sim;, disse. ;Não vou fazer nenhuma maldade em nome do governo.; As reações ;Não vou fazer nenhuma maldade em nome do governo; José Agripino (RN), líder do DEM no Senado, sobre as MPs do funcionalismo ;Eu defendo a responsabilidade fiscal, mas parece que estou pregando no deserto; Senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ;O ministro disse que o problema é do Congresso. E nós avisamos que a conta será paga pelo governo; Senador Delcídio Amaral, relator do Orçamento, sobre a proposta de aumento dos gastos da previdência ;É um absurdo que os governadores lutem contra o projeto que cria o piso salarial nacional para os professores; Senadora Ideli Salvatti (SC), líder do PT

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