postado em 19/11/2008 09:18
O senador Renan Calheiros (AL) avisou ao Palácio do Planalto que o PMDB terá candidato à Presidência do Senado e apresentou o nome do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (MA), como o concorrente mais provável. O movimento mira para dentro do partido. ;Na hora em que ficar claro que o PMDB terá candidato no Senado, começará o bombardeio contra a candidatura de Michel Temer (SP) na Câmara;, diz um peemedebista. ;As outras bancadas não aceitarão que o partido fique no comando das duas casas.;
O que poderia parecer incoerente é pura estratégia. Senadores e deputados disputam o comando do PMDB. A possível eleição de Temer para a Presidência da Câmara desequilibraria a balança do poder. Os deputados contam com dois ministérios e cargos estratégicos no governo, como a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e de Furnas Centrais Elétricas. Além disso, estão à frente da direção partidária, que tem Temer como presidente nacional.
Os senadores querem equilibrar o jogo. Podem fazer isso conquistando a Presidência do Senado ou impedindo a eleição de Temer. Não podem fazer esse movimento abertamente para não entrar em guerra declarada com a Câmara. Tentam uma manobra indireta, criando resistência nas outras legendas, em especial o PT. Por isso, recusam qualquer acordo para apoiar o petista Tião Viana (AC).
Ontem, a bancada do PT se reuniu para avaliar a disputa no Senado. Concluíram que o entendimento com o PMDB é muito difícil e decidiram investir na tentativa de um acordo com o PSDB. Essa hipótese apavora o Palácio do Planalto. Em primeiro lugar, por falta de confiança nos tucanos. Em segundo lugar, porque o governo considera arriscado demais um cenário que coloque petistas e tucanos de um lado e peemedebistas e o DEM de outro. Ameaçaria a estabilidade da base governista e a intenção de ter o PMDB como parceiro do PT na campanha presidencial de 2010.
Cargo
O Planalto tenta costurar um acordo alternativo, pelo qual o grupo da Câmara cederia aos senadores a presidência nacional do PMDB. O cargo seria ocupado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), atual líder do governo. Nesse caso, os senadores apoiariam Tião Viana. O comando do PMDB no Senado desistiu de fazer uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os senadores sabem que ele teria de defender a candidatura de Tião e querem poupar o constrangimento. Ontem, Lula foi cuidadoso ao falar no assunto. ;A minha relação com o PMDB é a melhor possível;, disse. ;Quero fazer um jantar com os líderes e ministros do PMDB para a gente ir afinando a viola para 2010.;
O presidente jurou que manterá distância da disputa pela presidência do Senado. ;O presidente da República não pode ficar dizendo quem é que deve ser o presidente da Câmara ou do Senado. Isso é coisa do Congresso Nacional.;
Temporão fica
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que José Gomes Temporão continuará à frente do Ministério da Saúde e reafirmou a disposição de só fazer mudanças na equipe em 2010, quando auxiliares deixarão o governo para disputar as eleições. ;Não existe troca. Só sairão os que quiserem ser candidato.; Ontem, Temporão selou um acordo de paz com a bancada do PMDB na Câmara, que o colocara na alça de mira depois de o ministro declarar que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), comandada pelo partido, era um antro de corrupção. Numa reunião que começou tensa, Temporão e os deputados Michel Temer (SP) e Henrique Eduardo Alves (RN) decidiram trabalhar juntos pela reformulação da Funasa.