postado em 19/11/2008 11:24
Quatorze dos 81 senadores varararam a madrugada desta quarta (19/11) revezando-se na tribuna do Senado. Defenderam, em uníssono, a recomposição do valor das aposentadorias. Deu-se à inusitada sessão noturna o nome de "vigília cívica". Um protesto contra o bloqueio que o governo impõe a três projetos de lei.
São propostas que afagam os aposentados. O Senado já aprovou. Lula e seus operadores tentam impedir que a Câmara faça o mesmo. Não são propostas da oposição. O autor é o senador petista Paulo Paim (RS). A vigília foi precipitada pelo insucesso de uma reunião do ministro José Pimentel (Previdência) com congressistas.
No encontro, o ministro reafirmou que não há dinheiro para custear os gastos previstas nos projetos. Pelas contas de Pimentel, o pacote companheiro de Paim custaria R$ 76,6 bilhões ao ano. Os senadores noctívagos cobraram do governo ao menos a apresentação de uma contraproposta. Só ouviram, por ora, desconversa.
Exceto por Paulo Paim, nenhum petista deu as caras na vigília do Senado. Sob FHC, o PT opunha-se a tudo o que representasse perda de renda para os aposentados. Sob Lula, o ex-PT resiste a tonificar aposentadorias e pensões porque atribui mais importância à integridade das arcas da Previdência.
O petismo não admite a nova realidade às claras. Isso seria uma tremenda insensibilidade social. E não há, como se sabe, petistas insensíveis.
Contavam-se em quatro os ex-integrantes da base congressual de FHC que tomaram parte da vigília pró-aposentados --uma senadora "demo´ e três tucanos.
No passado, DEM (ex-PFL) e PSDB quebraram lanças pela aprovação de coisas como o fator previdenciário, uma das "maldades" que, agora, deseja-se exterminar.
Nos discursos da madrugada, os ex-apoiadores de FHC eximiram-se de expiar o próprio passado. Isso corresponderia a um reconhecimento de culpa. E não há culpados no Legislativo. Só cúmplices.
Ninguém em Brasília é contra os aposentados. Todos --senadores, deputados, ministros e Lula-- são, genericamente, a favor dos velhinhos, hoje contados em 24 milhões. Os fatos é que atrapalham as boas intenções. Ou a difícil passagem da intenção para o fato.
A recomposição do poder de compra das aposentadorias é uma idéia boa e justa. Afagar essa idéia em discursos é uma maneira de cultivar os bons sentimentos e de contornar a má-vontade dos que querem estragá-la, realizando-a.
Os senadores combinaram de permanecer no plenário até as seis da matina. A reportagem acompanhou a sessão até as 4h52.
Nesse horário, as lentes da TV Senado exibiam 14 rostos: 1)Rosalba Ciarlini (DEM-RN); 2) Mão Santa (PMDB-PI); 3) Paulo Paim (PT-RS)...;.
4) Mário Couto (PSDB-PA); 5) José Nery (PSOL-PA); 6) Papaleo Paes (PSDB-AC), 7) Pedro Simon (PMDB-RS); 8) Geraldo Mesquita (PMDB-AC)...;.
9) Marcelo Crivella (PRTB-RJ), 10) Expedito Júnior (PR-RO); 11) Flexa Ribeiro (PSDB-PA); 12) Romeu Ruma (PTB-SP); 13) Wellington Salgado (PMDB-MG); e 14) Sérgio Zambiasi (PTB-RS).