postado em 19/11/2008 17:38
A defesa do sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, pediu à Justiça para que volte a ouvir o delegado da Polícia Federal (PF) e mentor da Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz e o diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda. A defesa quer também ter acesso ao inquérito da Operação Gepeto, que investiga supostas irregularidades cometidas pelo delegado durante a Satiagraha, e a inclusão da gravação da reunião da cúpula da PF na Superintendência do órgão, em São Paulo, no dia 14 de julho, em que foi decidido o afastamento de Protógenes da coordenação das investigações
O juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto Martin De Sanctis, decidiu analisar os memoriais entregues pela defesa dos réus na manhã de hoje e os pedidos dos advogados, adiando o fim do processo em que Dantas e os lobistas Hugo Chicaroni e Humberto Braz são acusados de corrupção ativa, pela suposta tentativa de subornar um delegado da PF para retirar o nome de Dantas e seus familiares das investigações. Os réus se comprometeram a comparecer às audiências de Protógenes e Lacerda caso o pedido seja aceito por De Sanctis. Se as solicitações forem recusadas, o juiz tem dez dias para dar uma sentença sobre o caso
O advogado de Dantas, Nélio Machado, afirmou que o acesso ao inquérito da investigação sobre Protógenes é indispensável para comprovar a conduta do delegado, que considera ilícita, e chamou o delegado de "nova celebridade nacional". "Com o novo depoimento de Protógenes, eu não tenho a menor dúvida de que a acusação será reduzida a pó. E posso dizer o mesmo em relação a Paulo Lacerda, cujo depoimento foi completamente vazio de conteúdo", disse. "Essa investigação vai revelar muita coisa em relação à postura à margem da lei do Dr. Protógenes.
Ele elogiou também, pela primeira vez, a postura do juiz De Sanctis, a quem costuma criticar por demonstrar "apaixonamento" em relação ao caso. "Hoje saio com o mínimo de esperança no sentido de que possa ocorrer um julgamento justo. Eu, quando entrei, não acreditava nessa possibilidade. Saio daqui com a esperança renovada porque o juiz, ao invés de agir de forma precipitada, pediu tempo. Hoje efetivamente eu diria que pela primeira vez me deparei com um magistrado que se conduziu como magistrado. Antes não", afirmou
Machado criticou as recentes declarações do ministro da Justiça, Tarso Genro, que afirmou que o inquérito da Operação Satiagraha está sendo refeito pela PF. "Tenho preocupação quando vejo que o próprio ministro disse que vai consertar o inquérito. O ministro da Justiça não tem atribuição investigatória", sustentou
Prisão
A defesa acredita que a possibilidade de que Dantas, Chicaroni e Braz voltem a ser presos, com base nas novas investigações da PF conduzidas pelo delegado Ricardo Saadi, é "retórica". Machado levantou suspeição a respeito do delegado Carlos Eduardo Pellegrini Magro, segundo o qual Dantas teria um fundo de R$ 18 milhões destinado a subornar juízes, jornalistas e políticos. "A história que ele narra decorre de criação mental e o coloca também sob suspeição. Nessa altura do campeonato, já se sabe bem até que ponto se pode acreditar na figura polêmica do famigerado delegado", ressaltou.
O procurador do Ministério Público Federal (MPF), Rodrigo de Grandis, se manifestou contrário aos pedidos da defesa de Dantas. "Os memoriais foram apresentados e o MPF continua na sua convicção de que existem provas suficientes para a condenação de todos os acusados", disse. De Grandis afirmou que o MPF pediu uma pena alta para os réus, "correspondente à gravidade do fato praticado pelos acusados". "Acredito que o pedido da acusação será julgado procedente", finalizou.