Jornal Correio Braziliense

Politica

Partidos deixam ranços ideológicos de lado para enfrentar acordo entre PT e PMDB

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Os seis partidos que formam o bloco de esquerda deixaram ranços ideológicos de lado e articulam uma ampla aliança com outras quatro legendas para lutar pela Presidência da Câmara e por cargos-chave da Mesa Diretora. As articulações visam enfrentar o acordo entre PT e PMDB, que se uniram em torno do candidato Michel Temer (PMDB-SP). A articulação tem gosto revanchista da eleição de 2007 que culminou na vitória de Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra o então presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Na Câmara, o bloco de esquerda é formado por PCdoB, PSB, PDT, PMN e PRB e as conversas estão avançadas com PR, PP e DEM. Os líderes negociam ainda o apoio do PSDB. O acordo é o seguinte: os partidos se fecham em torno de um candidato à presidência e decidem entre eles quem comandará as outras cadeiras da Mesa Diretora. Os potenciais candidatos à presidência são Ciro Nogueira (PP-PI), Miro Teixeira (PDT-RJ), Márcio França (PSB-SP) e até Aldo Rebelo. A aliança apoiaria também outros nomes para compor a Mesa. Depois da presidência, o DEM ficaria com a segunda escolha, o PR, a terceira. Para atrair o PSDB ao megabloco, os articuladores do acordo oferecem aos tucanos a primeira opção na Mesa. Até agora o partido deu sinais mistos sobre o apoio. O líder José Aníbal (PSDB-SP) limita-se a dizer que a tendência é fechar apoio a Michel Temer. As cadeiras preferenciais da Mesa dependem das ambições dos partidos. Geralmente, a Primeira-Secretaria, considerada a prefeitura da Câmara e responsável por um orçamento similar ao de Porto Alegre, é a mais desejada, tirando a presidência. A segunda vaga mais cobiçada é a primeira vice porque ela garante representação na mesa do Congresso Nacional. Essa aliança, se fechada, pode fazer o que bem entender na eleição porque ela contaria com 273 deputados. Oficialmente apenas o deputado Michel Temer lançou-se na disputa e há dois candidatos avulsos: Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Milton Monti (PR-SP). Ciro Nogueira promete se lançar somente após o fim do ano legislativo. O líder do bloco de esquerda, Mário Heringer (PDT-MG), afirma que os cenários estão ainda difusos e ele garante que ainda não há decisão sobre apoios. ;Estamos conversando com todo mundo. O que eu aprendi, é que o cenário de hoje nunca é o mesmo do dia da eleição;, afirmou o deputado. Orientação O PR deu sinal verde à candidatura de Michel Temer, mas não formalizou o apoio. O líder Luciano Castro (PR-RR) disse defender o peemedebista, mas não garante que a bancada seguirá sua orientação. ;Não posso ser líder de mim mesmo. Vou acatar o que a bancada decidir;, afirmou. O problema é que até agora a unidade sobre o megabloco não é latente. Enquanto PDT e PCdoB estão propensos à candidatura de Ciro Nogueira, e, como plano B, defendem um nome próprio, o PSB está mais inclinado a ir de Michel Temer. Os partidos se reuniram com ambos os postulantes e, segundo relatos, Temer não foi explícito no apoio ao projeto do bloco de ter a segunda escolha na mesa. Nogueira, do contrário, se comprometeu com a iniciativa. A líder do PCdoB, Jô Moraes (MG), defendeu que a escolha do bloco leve em conta a eleição de 2010 e reforçou não haver compromisso com a chapa PT-PMDB. ;A Presidência da Câmara tem que ser constituída numa aliança política que assegure estabilidade para a eleição de 2010. Não pode ser assumida por uma aliança que possa configurar um posicionamento eleitoral;, disse. Os cargos cobiçados na Mesa Diretora - Presidente: É o segundo na linha sucessória do presidente da República. No dia-a-dia da Câmara, é responsável pela elaboração da pauta de votação, pelo ritmo do plenário e pela interação com as lideranças partidárias. Ele ainda integra o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. O posto é ocupado por Arlindo Chinaglia (PT-SP) - Primeiro-vice: Elabora pareceres sobre requerimentos de informações e projetos de resolução, medidas administrativas da Câmara. O deputado Narcio Rodrigues (PSDB-MG) ocupa o cargo - Segundo-vice: É o corregedor da Câmara. A ele cabe fazer investigações prévias sobre possíveis quebra de decoro parlamentar. O corregedor é o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) - Primeiro-secretário: Chamado de prefeito da Câmara, é o segundo posto mais cobiçado na distribuição dos cargos da Mesa. Suas atribuições são as mais diversas, desde ser responsável pelos vencimentos dos servidores, até ratificar despesas da Casa. O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) é o ocupante do posto - Segundo-secretário: É responsável pela interação dos deputados com os serviços diplomáticos. As três atribuições são: fornecer e providenciar passaporte e pedir Nota de Visto ao Itamaraty. Assim como as demais secretarias, é um posto burocrático e pouco apelativo politicamente. A cadeira é ocupada por Ciro Nogueira (PP-PI). - Terceiro-secretário: É conhecido como o corregedor-adjunto. Fora isso, ele analisa os pedidos de licença e justificativa de faltas, além de controlar o fornecimento de requisições de passagem aérea aos deputados. Como é uma cadeira burocrática, é pouco cobiçada na mesa, assim como o segundo e quarto secretários. O posto é ocupado por Waldemir Moka (PMDB-MS) - Quarto-secretário: É responsável pelo gerenciamento dos imóveis da Câmara. Distribui apartamentos aos deputados, solicita à diretoria-geral auxílio moradia aos colegas que não residam em imóveis funcionais, além de propor compra, venda, construção e locação de imóveis. É o último dos cargos sem brilho e burocráticos da mesa. O deputado José Carlos Machado (DEM-SE) ocupa a cadeira O líder do bloco de esquerda da Câmara, Mário Heringer (PDT-MG), comenta as possibilidades de apoio dos partidos na eleição para a presidência da Casa: