Politica

PMDB aproveita reação de Garibaldi para se fortalecer nas negociações com o governo

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postado em 21/11/2008 08:55
A decisão do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), de devolver a MP que trata de instituições filantrópicas ao Executivo surpreendeu tanto o PMDB quanto o governo. A diferença é que o partido, assim que soube, passou a capitalizar a iniciativa para turbinar o poder de barganha com o Palácio do Planalto. Os peemedebistas aproveitaram o jogo de Garibaldi para dar um recado amargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a maioria no Senado pode se tornar ainda mais frágil do que ele imagina. Numa situação de instabilidade, o governo precisaria ceder ainda mais poder aos peemedebistas, segundo a lógica vendida pelas lideranças do partido. O PMDB mira, na prática, na eleição da Presidência da Casa e, até mesmo, num maior espaço no governo. A mensagem tem como primeiro alvo a tentativa do PT de emplacar o senador Tião Viana (PT-AC) no comando da Casa. Caciques peemedebistas querem deixar a fatura mais cara na eleição da Mesa Diretora por não aceitar a transferência ao Senado do acordo na Câmara. Deputados do PT e do PMDB fecharam aliança para eleger Michel Temer (PMDB-SP) como o sucessor de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Para garantir o chamado equilíbrio do Congresso, os petistas querem, em troca, o comando do Senado. Os movimentos para capitalizar a briga de Garibaldi com o Planalto foram assentidos pelo líder no Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO). Raupp não fez nenhum movimento para tentar demover o colega da idéia fixa de mandar a MP de volta ao Executivo. Logo após a decisão, o líder peemedebista elogiou a decisão de Garibaldi e sublinhou insatisfação na Casa contra as MPs. Ontem, Raupp também não entrou em polêmica e limitou-se a dizer que a decisão sobre a validade da medida caberá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Desconfortos Tião Viana procurou desvincular a movimentação de Garibaldi da eleição da Mesa Diretora no ano que vem. ;Não tem nenhuma relação uma coisa com a outra. É mais uma decisão contra as medidas provisórias;, afirmou o petista, que não deseja entrar em polêmica para causar ainda mais desconfortos que lhe custem votos na eleição. O senador petista já enfrenta diversos obstáculos na sua tentativa de fechar um acordo com os peemedebistas para elegê-lo presidente do Senado. A insatisfação é capitaneada pelo ex-presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), incomodado até hoje pela posição do petista durante o processo que ele enfrentou por quebra de decoro parlamentar. Por isso, o petista prefere a diplomacia de repetir a contrariedade com as medidas provisórias editadas pelo Executivo do que criticar o golpe. ;Ele (Garibaldi) atendeu a uma insatisfação que está posta no Legislativo como um todo, mas a decisão precisa ter segurança jurídica que será dada pela CCJ.

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