postado em 21/11/2008 09:34
Mais do que uma partida em que a Seleção Brasileira conseguiu apresentar um bom futebol e empolgar o público, a inauguração do Estádio Bezerrão, depois de uma reforma projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake, foi um evento político. O governador José Roberto Arruda (DEM) conseguiu reunir autoridades públicas, como o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o prefeito reeleito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM), além de atletas consagrados como Pelé, Romário e o piloto de Fórmula-1 Felipe Massa, vice-campeão do Mundial-2008. O sertanejo Zezé Di Camargo cantou o Hino Nacional na abertura e depois acompanhou o jogo no camarote de Arruda.
O GDF foi democrático nos convites para a área de autoridades. Recebeu o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Brito. Políticos do PT, PTB, PMDB, DEM e PSDB assistiram ao jogo lado a lado. Ministros como Juca Ferreira, da Cultura, dividiram a tribuna com opositores radicais, como a senadora Kátia Abreu (DEM). Também havia empresários e integrantes do governo local. Mas dois convidados chamaram mais a atenção: Serra e Kassab.
O governador de São Paulo veio a Brasília para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo tema era a venda da Nossa Caixa, o banco oficial do estado, e decidiu esticar a agenda para acompanhar o amistoso. Kassab veio especialmente para a partida da Seleção contra os portugueses. A presença deles foi interpretada como um sinal de força de Arruda. Serra é um dos nomes mais cotados para ser o candidato do PSDB à Presidência da República em 2010. Há grandes chances de que o vice na chapa saia do DEM. Arruda e Kassab são os dois políticos do Democratas que conquistaram as maiores vitórias nas eleições de 2006 e 2008.
O governador do DF é lembrado como possível vice da chapa tucana em 2010. Kassab não pode ocupar o posto, por ser ligado demais a Serra e acrescentar pouco a seu perfil eleitoral. ;O jogo em campo é importante, mas o que está acontecendo aqui nos camarotes é mais ainda;, avaliou um deputado federal. ;O caráter político do evento fortaleceu o perfil nacional do Arruda;, analisou o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). O presidente do PMDB em São Paulo, Orestes Quércia, responsável pela aliança de seu partido em torno da reeleição de Kassab, também acompanhou a partida.
A Seleção produziu algumas cenas políticas raras na noite de quarta-feira. O ex-ministro José Dirceu passou um bom tempo conversando com Rodrigo Maia, um dos críticos mais duros do governo. O assunto: futebol. ;A Seleção é uma rara unanimidade;, disse Maia. Dirceu pedia paciência da torcida com o técnico Dunga. Coisa de quem já foi muito criticado. Ele quase dividiu o elevador com o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, autor da denúncia do mensalão no STF, que assistiu ao amistoso ao lado de Gilmar Mendes. Os dois entraram na mesma fila para a tribuna de honra no quarto andar do estádio, mas não conversaram.
Arruda acompanhou todos os detalhes da organização e passou a semana no telefone convidando pessoas públicas a participar da festa. Antes do início da partida, estava ansioso. Mas aproveitou os momentos especiais, Entrou em campo para a homenagem a Pelé, conversou com vários convidados e ainda ganhou uma camisa oficial da seleção autografada pelos jogadores. Arriscou um palpite mais modesto: 3 x 1, mas comemorou o resultado final de 6 x 2. ;Foi muito melhor do que imaginei;, afirmou.