Politica

Cidades campeãs em número de pagamentos do Bolsa Família também são as recordistas em novas carteiras assinadas

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postado em 23/11/2008 12:46
O cruzamento de dados do Ministério do Trabalho e Emprego com os registros do Bolsa Família em todo o país mostra que os municípios que mais receberam o benefício, proporcionalmente à sua população, apresentaram um crescimento do número de carteiras de trabalho assinadas bem maior do que a média nacional nos últimos cinco anos. Enquanto a média do país ficou em 31%, os 500 municípios que mais receberam o Bolsa Família tiveram um crescimento de 42% no emprego formal. Se forem considerados os 300 municípios mais contemplados no programa, o percentual de crescimento chega a 52,9%. Os reflexos do programa podem ser sentidos na pequena Monte Alegre de Goiás, distante 360Km de Brasília. É o quarto município que mais recebeu o Bolsa Família em Goiás. São 886 famílias contempladas, numa população de 7.734 pessoas. Como o programa estima uma média de 4,5 pessoas por família, cerca de 4 mil pessoas estariam assistidas pelo benefício. A verba do governo federal injetou recursos na cidade e gerou empregos. O dono do maior supermercado da cidade, Washington Fonseca, afirma que o negócio cresce a cada ano. ;Abrimos o mercado em 2000, com um funcionário. A cada ano, eu contrato mais um funcionário. Hoje, já são oito. Esses programas sociais ajudam bastante a renda da cidade, fortalecem muito. Aqui, a renda sai da prefeitura ou desses programas;, comenta Washington. A área do supermercado já foi ampliada em cerca de 60%, mas o movimento exige mais espaço. Ele acaba de construir um novo prédio de 700m² para instalar o comércio a partir do próximo ano. Com o crescimento do negócio, Fonseca contratou Angélica Soares Campos, auxiliar de escritório. Ela recebe R$ 82 do Bolsa Família, mas afirma que esse dinheiro é apenas um complemento da renda. Ela ganha um salário mínimo (R$ 413) no mercado, mas ainda preenche os requisitos do programa. Angélica assegura que ninguém deixa de trabalhar porque recebe o benefício: ;As pessoas não trabalham porque não têm emprego. Aqui, só tem os empregos da prefeitura. O meu marido, por exemplo, consegue um trabalho ou outro, mas não é fichado (não tem carteira assinada);. Dinheiro que fica O município de Mambaí (GO), com 5.339 habitantes, teve um crescimento expressivo no mercado formal. Os empregos com carteira assinada pularam de 19 para 456 nos últimos cinco anos. A prefeita Glenice Teixeira (PR) afirma que a maior parte desse crescimento se explica pela chegada de grandes empresas de plantio de café, feijão e batata na região. Mas ela acrescenta que o dinheiro do Bolsa Família também ;ajuda muito o comércio local;. Ela explica que as pessoas sacam o dinheiro do programa na própria cidade: ;O dinheiro fica todo aqui. Não sai nada;. Ali, 423 famílias recebem o benefício. Uma delas é a de Janice dos Santos. Com o marido desempregado, ela sustenta os seis filhos com o dinheiro do Bolsa Família. Ela mostra o armário da cozinha com sacos de arroz, fubá, açúcar, óleo, macarrão. ;Num mês eu compro feijão, no outro eu compro uma roupinha para as crianças, paga a luz. E vou levando. O meu marido trabalha aqui e acolá;, contra Janice. Os números das Rais, o censo do emprego do Ministério do Trabalho, eventualmente escondem algumas peculiaridades locais. Em Sítio D;Abadia (GO), cidade de 2.985 habitantes, 291 famílias contam com o programa. O emprego formal teve um crescimento elevado no município, de 57 para 128 casos em cinco anos. Mas os próprios gestores locais do programa afirmam que parte desses empregos foram gerados pela construção de uma hidrelétrica, concluída em 2007. Fernando Coleone, que foi gestora até o ano passado, alerta para um fato negativo no município: ;Esse dinheiro não circula no comércio local. As pessoas sacam o dinheiro em Damianópolis e compram por lá mesmo;. Leia mais na edição impressa deste domingo

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