Politica

Ascensão e queda da PF

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postado em 25/11/2008 07:00
Saiba mais sobre os momentos da instituição desde o início do governo Lula 2003 Convidado pelo ministro Márcio Thomaz Bastos, o delegado Paulo Lacerda toma posse como chefe da Polícia Federal e implementa um estilo próprio ao órgão: grandes operações policiais com o acompanhamento da mídia. Na primeira ação, a Anaconda, foi preso o juiz João Carlos da Rocha Mattos sob suspeita de ter vendido sentenças. É um dos poucos condenados decorrentes de ações da PF. 2004 A PF realiza duas grandes ações. A operação Vampiro, que prendeu 17 pessoas acusadas de fraudes em licitações e derivados de sangue; e a Chacal, que apurou uma suposta espionagem da Kroll, a pedido da Brasil Telecom, então controlada pelo grupo Opportunity de Daniel Dantas. Nessa operação, foi apreendido o disco rígido de Dantas, que posteriormente serviu de base para as investigações da Satiagraha. 2005 A PF teve uma ação discreta e ficou a reboque do escândalo do mensalão. Entretanto, em setembro, uma reportagem da revista VEJA com um dossiê atribuído a Daniel Dantas de que Paulo Lacerda e outras autoridades tinham contas no exterior. 2006 Em maio, a PF detona a operação Sanguessuga, que desbaratou um esquema de fraudes na compra de equipamentos de saúde. A ação teve repercussão no Congresso porque quase uma centena de parlamentares estavam implicados na máfia das ambulâncias. Como desdobramento da operação, durante a campanha eleitoral, a PF apreendeu um dossiê fajuto que buscava envolver tucanos com a máfia das sanguessaugas. Tanto o material como os R$ 1,75 milhão estavam nas mãos de petistas ligados a campanha à reeleição de Lula e do senador Aloizio Mercadante ao governo paulista. 2007 Foi o ano das grandes ações policiais e ao mesmo tempo da mudança de comando. Em abril, a PF deflagrou a operação Furacão, que prendeu 25 sob suspeita de atuarem em favor da exploração de jogos ilegais. Entre eles, o ministro Paulo Medina, do Superior Tribunal de Justiça. Um mês depois, veio a Navalha, que prendeu cerca de 40 pessoas acusadas de desviar recursos de obras públicas federais em vários estados. Foram detidos o ex-governador do Maranhão José Reinaldo, acusados de favorecimento à empreiteira Gautama, de Zuleido Veras. Apesar de ter passado por crises para administrar as repercussões, a PF entrou numa briga autofágica no segundo semestre, quando Paulo Lacerda acenou deixar a instituição. Os diretores de Inteligência, Renato da Porciúncula, e executivo, Zulmar Pimentel, entraram numa briga de bastidores para comandar a polícia. Entretanto, a vaga foi para Luiz Fernando Corrêa, nomeado pelo novo ministro Tarso Genro. 2008 O estilo Corrêa gerou atritos internos. A brusca troca de delegados para cargos de chefia, em alguns casos com a entrada de novatos, e a saída do eixo das principais operações de Brasília trouxeram críticas a nova gestão. O modelo de discrição nas operações almejado por Corrêa foi implodido com a operação Satiagraha, deflagrada em julho. A ação que prendeu o banqueiro Daniel Dantas expôs uma divisão interna da PF: o grupo do ex-diretor Lacerda, que deu suporte à operação comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, e a atual gestão, que declara ter dado apoio à ação. A operação serviu de mote para se questionar os métodos de investigação, calcados praticamente em grampos, o vazamento de informações sob sigilo e até mesmo o nome das operações. Não bastasse os problemas derivados da Satiagraha, uma ação da PF de Amapá prendeu em setembro o então número 2, Romero Lucena.

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