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Segundo sindicalista, diretor da Abin era comunicado sobre as etapas da Satiagraha

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postado em 25/11/2008 09:03
O presidente da Associação dos Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Asbin), Nery Kluwe, promete revelar nesta terça-feira (25/11), em depoimento à CPI dos Grampos, detalhes da ajuda de agentes na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Entre as novidades, segundo Kluwe, está a de que o agente Márcio Seltz chegou a levar informes sobre a Satiagraha para serem entregues no gabinete do então diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda. É a primeira vez que aparece o nome de um agente que, trabalhando na Satiagraha, levava informes para a cúpula da agência. ;O Lacerda acompanhou detalhes da operação;, afirmou Kluwe. O presidente da Asbin disse que ;Seltz chegou a analisar e-mails sigilosos da ação para repassá-los a Lacerda;. O agente teve sua identidade revelada pela imprensa em setembro e, um mês depois na CPI, pelo diretor de Inteligência da PF, Daniel Lorenz. O diretor disse que só soube da atuação de servidores da Abin na Satiagraha depois que avistou Seltz, seu conhecido, no andar do edifício-sede onde policiais federais analisavam dados da operação. Na ocasião, em fim de março, Lorenz pediu para que o delegado Protógenes Queiroz, responsável pela operação, afastasse o servidor da Abin, no que foi atendido. Kluwe disse que, pelo menos, outros três agentes podem ter informado Lacerda dos desdobramentos da Satiagraha nos depoimentos que prestaram no inquérito da PF e na sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que buscam identificar quem grampeou e vazou a conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Investigações Kluwe foi convocado a depor depois que foi apontado como participante no grampo contra Gilmar Mendes. Ele nega e o GSI também refutou ter concluído pela participação dele na Satiagraha. O presidente da associação também afirma que as duas investigações internas contra ele na Abin ; uma por advocacia ilegal e outra por abandono de emprego ; são ;retaliações;. Segundo Kluwe, o estatuto da Abin lhe permite advogar, exceto contra a Fazenda Nacional, o que ele não fez. No outro caso, ele disse que continuou trabalhando na Abin, só que, por ter brigado com seu superior, mudou-se de setor. A assessoria da imprensa Abin informou ontem que não vai se pronunciar. ;No momento oportuno, o delegado Paulo Lacerda vai ingressar na Justiça com uma ação para que ele prove o que está falando;, afirmou a assessoria. Desde a semana passada, o Correio tenta entrevistar Seltz. Não o encontrou na sede da Abin em Brasília, porque ele estava viajando. Kluwe, que tem conversado com Seltz pelo telefone nos últimos dias, contou que o agente está bastante chateado com a exposição do seu nome na Satiagraha. O depoimento do agente na CPI está marcado para amanhã. DEPOIMENTO A Polícia Federal vai chamar para depor seu ex-diretor-geral, delegado Paulo Lacerda, no inquérito que investiga suposto crime de usurpação de função pública durante a Operação Satiagraha. Diretor afastado da Abin, Lacerda teria concordado oficialmente com o engajamento de 84 agentes da Agência na investigação que é de competência da PF. Ainda não há data marcada para a audiência de Lacerda, mas sua convocação é inevitável, na avaliação da PF. O inquérito foi aberto para apurar vazamento de dados da Satiagraha cobertos pelo sigilo. Durante a investigação, a PF constatou que o delegado Protógenes Queiroz, mentor da Satiagraha, recrutou os arapongas da Abin para reforçar o cerco ao banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity.

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