Politica

Sindicalista da Abin nega ter autorizado vazamento de grampo no STF

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postado em 25/11/2008 15:52
O presidente da Asbin (Associação de Servidores da Agência Brasileira de Inteligência), Nery Kluwe, negou nesta terça-feira em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara que seja responsável por vazar o grampo telefônico que flagrou conversa entre o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, em julho deste ano. Kluwe teria sido apontado como vazador pelo ministro Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional), durante reunião fechada na sede da Abin. "Repilo e rechaço a maledicente acusação de minha participação no episódio. A Abin não atua contra o governo. Tanto a Abin quanto a Polícia Federal sairão fortalecidas desse episódio", afirmou. Em uma reunião esvaziada da CPI, que não conta com a presença do relator da comissão, Nelson Pellegrino (PT-BA), Kluwe disse que a cúpula da Abin sempre é informada sobre a participação de homens da agência em operações de outras instituições públicas, como a Polícia Federal. A CPI investiga a participação de homens da Abin na Operação Satiagraha, da PF, que teria ocorrido ilegalmente. "Há contatos, articulações informais. O próprio agente, para desenvolver contato interpessoal, tem que estar autorizado. Ao retornar, relata o seu contato, há processo contínuo de avaliação. Não há essa informalidade", afirmou. Kluwe disse que, dentro da agência, há um grupo de servidores que acredita na ilegalidade de participação de servidores da Abin na Satiagraha. "Há uma corrente na agência que entende que o agente, ao participar de operação que não é da finalidade da nossa instituição, cumprindo ordem, está agindo dentro da legalidade. Outra corrente entende que não." O presidente da Asbin disse que a Operação Satiagraha somou custos da ordem de R$ 800 mil aos cofres públicos. Na avaliação de Kluwe, a formalidade da operação se configura diante do montante --uma vez que não há "despesas de recurso público que possam se dar de modo informal". Acusações Em reunião na sede da Abin, o ministro Felix teria afirmado que a Polícia Federal já sabe que Kluwe tornou público o grampo com uma conversa do presidente do STF. A informação foi confirmada à Folha pelo diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, um dos 400 agentes presentes ao encontro. Após a revelação, Félix disse que não se pronunciaria sobre a conversa. Kluwe protocolou requerimento para que a Procuradoria Geral da República interpele o ministro-chefe do GSI sobre supostas declarações dadas pelo militar na palestra da Abin. A intenção de Kluwe é provar que o general disse no encontro já saber quem vazou para a revista "Veja" o grampo contra Mendes.

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