Politica

Pelo menos quatro disputam cargo de diretor da Abin com queda de Lacerda

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postado em 28/11/2008 08:54
A briga pelo cargo de chefe dos arapongas corre solta em Brasília desde que o delegado da Polícia Federal Paulo Lacerda foi afastado há 90 dias do comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A maciça participação de servidores da Abin na operação da Polícia Federal Satiagraha e o envolvimento pessoal de Lacerda ouriçaram os ânimos dos postulantes ao comando da Abin. Pelo menos quatro currículos já foram distribuídos em gabinetes do Congresso e do Palácio do Planalto. E a guerra dos dossiês contra os postulantes está aberta. Fiel ao seu estilo de decisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aguarda o término das investigações oficiais para selar o destino do diretor da Abin, a quem reputa ter desenvolvido relevantes serviços durante os quatro anos e nove meses em que dirigiu a PF. O presidente reconhece o enfraquecimento dele com as revelações, o que, por tabela, afeta a credibilidade tanto da Polícia Federal como da Abin. Segundo auxiliares de Lula, no entanto, o intenso lobbie dos candidatos, até mesmo com dossiês circulando nos bastidores, deixa o presidente reticente em tomar uma decisão agora. ;Essa é uma pauta mais da mídia do que do governo;, diz um ministro. Três candidatos têm o apoio velado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, também chamuscado pela crise decorrente da Satiagraha. O atual subchefe de Assuntos Estratégicos do GSI, Macedo Soares, embaixador de formação que há 10 anos não ocupa um cargo na chancelaria, mas não dispõe de muito trânsito nos corredores da agência. Um outro nome é o de Ronaldo Belham, atual diretor da Divisão de Pessoal da Abin. O pai dele é um general contemporâneo do chefe da GSI e formulou teoricamente com o coronel Ariel Rocha de Cunto as bases legais da Abin. Pelo perfil, é um candidato que agradaria aos militares, que ainda formam a imensa maioria dos servidores da agência. Um terceiro candidato de Félix é o atual diretor de Inteligência Estratégica da Abin, Luiz Alberto Salaberry, oriundo do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI). Ligado ao ex-diretor Márcio Buzzaneli e benquisto por Lacerda, Salaberry é um dos mais fortes concorrentes ao cargo. Conta ainda com o apoio de Robson Vignoli, eleito ontem presidente da associação dos servidores da agência (Asbin), derrotando a chapa do atual presidente, Nery Kluwe, crítico da atual gestão. Contra Salaberry, aliás, já circulam nos bastidores dossiês que questionam sua atuação como o homem da inteligência do governo que não impediu as vaias de Lula na abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007. O candidato que já tem o veto declarado do chefe do GSI, mas tem bom trânsito no Congresso, é Christian Scheneider, que atualmente ocupa a direção da Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste do Ministério da Integração Nacional. Scheneider, sempre aventado para o cargo, é um servidor de carreira da Abin que se candidatou a deputado federal em Brasília pelo PTB e tem o apoio do ministro das Relações Institucionais, o correligionário José Múcio Monteiro. Complicadores A definição sobre o futuro de Lacerda é um dos complicadores. O diretor afastado da Abin continua afirmando a pessoas próximas que vai provar não ter cometido qualquer erro. Ele se apega ao fato de que a legislação que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), ao integrar a Abin, a PF e outros órgãos do governo, lhe faculta ter dado essa cooperação. Por isso, considera que as investigações da PF sobre a participação da Abin, tidas como técnicas, não devem implicá-lo. O risco maior, avalia, está na CPI dos Grampos, uma vez que cresce a convicção de se sugerir o indiciamento dele por falso testemunho (leia quadro ao lado). De todo modo, especula-se nos bastidores uma saída honrosa para Lacerda. Cogita-se criar um cargo de assessor especial para assuntos de segurança pública que despacharia diretamente com Lula ou um dirigir o setor de Inteligência do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), órgão que Lacerda quase dirigiu depois de ter deixado a PF. O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, um dos conselheiros informais de Lula e padrinho de Lacerda, tenta ajudar o presidente nessa tarefa.

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