Politica

Peritos contratados por Dantas contestam gravações enviadas pela PF à Justiça

;

postado em 01/12/2008 09:05
Laudo pericial elaborado pelo Instituto Brasileiro de Peritos em Comércio Eletrônico e Telemática (IBP Brasil), de São Paulo, concluiu que parte das gravações anexadas pela Polícia Federal (PF) ao processo em que o banqueiro Daniel Dantas é acusado de suborno não são originais e passaram por algum tipo de manipulação. No trabalho, quatro peritos atestam que houve erros crassos como troca de datas e supressão de falas em alguns trechos. O juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo, decide se anexará a perícia que analisou gravações telefônicas e de ambiente feitas durante a Operação Satiagraha. Os peritos também concluíram que, pelos diálogos captados, o delegado Protógenes Queiroz, coordenador da operação, tinha amizade e intimidade com o lobista Hugo Chicaroni, suposto intermediário da tentativa de suborno aos policiais federais. Em uma das gravações, Chicaroni conta ao também delegado federal Vítor Hugo Rodrigues ; alvo da suposta proposta de propina ; que sempre saía com Protógenes em Brasília para tomar chope e jogar conversa fora. Conta ainda que, no último encontro na capital federal, Protógenes lhe passou informação de trabalho e disse: ;Porra, só o fato da gente tá conversando aqui esse troço já tem que valer alguma coisa;. Esse relato teria ocorrido no dia 16 de junho, em São Paulo, depois de um encontro para almoço entre Protógenes, o delegado Vítor Hugo e Chicaroni. O parecer técnico, datado do dia 16, foi encomendado pela Opportunity Gestora de Recursos Ltda, uma das empresas do grupo de Dantas, e teve como base os arquivos digitais de computador da operação policial apresentados à Justiça. A cópia do material da Satiagraha foi fornecida à defesa do banqueiro com autorização do juiz Fausto De Sanctis, que já está com o processo para dar sentença. No laudo do IBP consta apenas um diálogo telefônico de Dantas com seu braço direito Humberto Braz. Na conversa, que teria ocorrido em 29 de abril, eles falam sobre a investigação da PF. No entanto, foi informado à Justiça que a conversa teria ocorrido em 5 de maio. Resposta desconexa Os peritos concluem ainda, nesse item, que ;o tecido sonoro da gravação apresenta uma zona de silêncio mais extensa do que seria normal para uma chamada telefônica e isso ocorre justamente na região onde o solicitante indica existir quebra na linearidade do discurso;. No trecho, o banqueiro quer saber de Humberto se é mesmo Protógenes quem toca a investigação da PF e, depois de silêncio, a resposta é desconexa. Outras gravações também apresentam registro diferente do dia em que foram captadas e há casos de erros de transcrição. O delegado não foi localizado pela reportagem em sua residência em Brasília. Um de seus advogados, Luiz Gallo, disse que não podia comentar as acusações, pois além de desconhecer o parecer técnico, não teve acesso ao inteiro teor da defesa de Dantas, já que representa o delegado no processo de vazamento de informações. ;Sei só que Daniel Dantas tem feito muitos ataques ao meu cliente. Mas entendemos, porque ele não tem outra alternativa, já que tudo o que foi levantado contra ele está sendo comprovado;, afirmou o advogado. Gallo disse que não tinha autorização para entrar em contato com o delegado e que só iria se encontrar com ele hoje.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação