postado em 02/12/2008 11:02
A operação de lavagem de dinheiro com debêntures da Santos Brasil S/A, descrita pela Polícia Federal a partir de documentos apreendidos na Operação Satiagraha, é fantasiosa, segundo o diretor financeiro da empresa, Washington Sato.
"É impossível ter acontecido uma operação como essa na Santos Brasil porque só vendemos debêntures em 1998", diz Sato --foram cerca de R$ 70 milhões. As operações descritas nos documentos apreendidos pela PF são de 2005.
No domingo, uma reportagem mostrou que a PF tem papéis que relatam dois supostos planos de lavagem do dinheiro que Daniel Dantas teria nas Ilhas Cayman. Um deles prevê que o dinheiro circularia por uma série de elos no exterior até chegar a um fundo do banco UBS, em Delaware, paraíso fiscal nos EUA, que remeteria os recursos ao Brasil para a compra de debêntures da Santos Brasil.
No outro plano, seria usada uma "offshore" de Roberto Amaral, ex-diretor da Andrade Gutierrez, para ocultar que o dinheiro saíra de fundos controlados por Dantas. A intenção do banqueiro ao usar o UBS ou a "offshore", crê a PF, era camuflar que o dinheiro usado para adquirir debêntures era dele. Seria o final do processo de lavagem, quando o dinheiro ilegal volta legalizado ao país.
Segundo Sato, nenhum fundo do UBS comprou debêntures da empresa. O UBS de Londres, porém, é acionista da Santos Brasil. Hoje Dantas detém 27% da empresa, e a família Klien, que controla terminais de contêineres no Rio, 21%. Dorio Ferman, sócio de Dantas no Opportunity, detém 20,8% das ações, mas elas não têm direito a voto nas decisões.
Segundo Sato, é equívoco da PF acreditar que Dantas usaria uma empresa com ações na Bolsa para lavar dinheiro: "O Daniel nem sabe onde é a Santos Brasil". O banqueiro e os sócios arremataram o terminal de contêineres de Santos em 1997 por cerca de US$ 250 milhões (R$ 275 milhões na época). Desde então investiram R$ 1 bilhão na empresa, que tem 2.000 empregados e é a maior da América do Sul na sua área.