postado em 03/12/2008 15:20
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) comemorou nesta quarta-feira a sua absolvição pelo Conselho de Ética da Câmara ao afirmar que os deputados fizeram "justiça" porque não tem ligações com irregularidades cometidas no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Paulinho rebateu críticas de que sua absolvição representa mais uma "pizza" articulada pela Câmara.
"A pizza que tinha era a tentativa de me ligar à corrupção. Na ditadura militar, em que eu era militante, eles matavam os militantes, vários companheiros nossos foram mortos. Agora, eles não matam Tentem denegrir as pessoas para acabar, desmoralizar com elas. Hoje fica claro que era perseguição", afirmou.
Paulinho voltou a afirmar que o processo por quebra de decoro parlamentar, arquivado hoje pelo Conselho de Ética, foi conseqüência de uma "armação política" provocada pelo seu histórico de lutas em favor dos trabalhadores. "Felizmente hoje os deputados conseguiram ver a grande armação política contra mim devido ao meu trabalho no Congresso em defesa dos trabalhadores. A minha vida sempre teve um lado, dos trabalhadores. Tenho 19 parafusos na cara lutando pelos trabalhadores, tenho nariz quebrado, parte da orelha, tudo isso na defesa dos trabalhadores, em brigas com a polícia."
O deputado não acompanhou a reunião do Conselho de Ética porque participou, nesta quarta-feira, da 5¦ Marcha das Centrais Sindicais --que reuniu em Brasília cerca de 30 mil pessoas. Vestido com a camiseta da Força Sindical, Paulinho retornou ao Congresso somente após o fim do julgamento no conselho.
Cercado por militantes da Força Sindical, da qual é presidente, o deputado seguiu para uma reunião com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), na qual apresentaria as reivindicações dos trabalhadores que realizaram o ato político na Esplanada dos Ministérios.
Absolvição
Por 10 votos a 4, o Conselho de Ética da Câmara rejeitou hoje o parecer que recomendava a cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar. O relator do caso, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), disse que seu parecer se baseava em provas e fatos, não em suposições. "O deputado se beneficiava com o esquema", disse o relator. "Estudei o processo exaustivamente e não comi na mão de ninguém, como quiseram dizer. O relatório é técnico. Não tinha o direito de manifestar politicamente. Não existem suposições, fatos e provas."
Como o parecer de Piau foi rejeitado, o Conselho de Ética escolherá agora um novo relator para assumir o caso. Paulinho é suspeito de desvio de recursos do BNDES e tráfico de influência. O deputado também responde a acusações de fraudes na ONG Meu Guri, administrada por sua mulher. Segundo as investigações realizadas pela Polícia Federal, a ONG recebeu R$ 37,5 mil do conselheiro do banco estatal João Pedro Moura que foi preso sob a acusação de ser um dos principais responsáveis pelo esquema. A Operação Santa Tereza, conduzida pela PF, desmontou uma quadrilha supostamente formada por empresários, policiais e servidores que desviava recursos do BNDES.