Politica

Gilberto Carvalho é alvo da Polícia Federal também

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postado em 04/12/2008 09:05
A Polícia Federal determinou ontem a abertura de inquérito criminal para investigar a conduta do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, no episódio em que ele repassou informações privilegiadas para o ex-deputado e advogado do grupo Opportunity, Luiz Eduardo Greenhalgh. O corregedor em exercício da Superintendência da PF em Brasília, Flávio Coca, designou o delegado Elan Wesley Almeida Souza, titular da Divisão de Repressão ao Crime Organizado, para conduzir a investigação oficial. A decisão de se apurar a conduta do secretário particular do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu um dia depois de o Correio revelar que o pedido andava havia 132 dias apenas pela burocracia policial sem uma decisão quanto ao mérito do caso. Em 23 de julho, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), promotor de Justiça licenciado, apresentou uma notícia crime à PF para analisar a conversa telefônica em que Carvalho repassou dados a Greenhalgh, grampeado na operação Satiagraha, que beneficiaram Humberto Braz, braço-direito do banqueiro Daniel Dantas. A pedido do parlamentar, Carvalho será investigado pelo crime de prevaricação, quando um agente público pratica indevidamente ato contrário ao que está previsto em lei. No caso, segundo o deputado, o delito ocorreu quando o chefe de gabinete de Lula não guardou sigilo sobre uma perseguição automobilística feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra Humberto Braz, cliente de Greenhalgh. É o que prevê, de acordo com Sampaio, a legislação sobre a Abin. Na última terça-feira, o Correio divulgou, em primeira mão, que o Ministério Público Federal em Brasília havia aberto na semana passada inquérito civil por crime de improbidade administrativa contra Gilberto Carvalho pelos mesmos fatos. ;Não sei se foi em função das matérias ou da minha fala, mas hoje (ontem) se decidiu tomar a decisão acertada;, afirmou o deputado. ;Seria difícil se a PF não tomasse a mesma decisão que a do Ministério Público;, completou. Carvalho disse ontem que está tranqüilo e que aguardará com serenidade o desenrolar do inquérito. Além disso, mantém a versão de que não fez nada de errado, mesma conclusão a que chegou a Comissão de Ética Pública ; órgão vinculado à Presidência da República responsável por avaliar a conduta dos servidores. A comissão arquivou o caso. O chefe de gabinete já havia dito desconhecer Humberto Braz e que não foi atrás do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, para levantar informações adicionais reclamadas por Greenhalgh, segundo ele comentou na conversa. Os diálogos Em 28 de maio, segundo as escutas telefônicas, Greenhalgh queria saber de Carvalho se havia alguma investigação da Abin sobre um cliente dele sem lhe dizer que se tratava de Humberto Braz. Na véspera, o carro de Braz foi seguido pelas ruas da capital fluminense por um araponga da Abin de codinome tenente Marcos. Desconfiado da perseguição, o motorista de Braz acionara a divisão anti-seqüestro fluminense que, ao abordar o agente, descobriu que ele trabalhava na Abin. Na conversa, o secretário particular de Lula lhe respondeu que não havia ;nenhuma pessoa designada na presidência; ou ;na Abin; atrás do cliente de Greenhalgh. Ele havia consultado o ministro Jorge Félix, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a quem a agência é subordinada. Braz, Dantas e um terceiro acusado, Hugo Chicaroni, foram condenados na última terça-feira por tentativa de suborno pela Justiça Federal paulista. Segundo a sentença, Braz e Chicaroni buscaram abortar as investigações contra Dantas com o pagamento de US$ 1 milhão um delegado da PF. A partir da portaria de instauração de inquérito, que deve ser publicada nos próximos dias, o delegado Elan Wesley tem 30 dias para concluí-lo, prorrogáveis por tempo indeterminado. Colaboraram Daniel Pereira e Luiz Carlos Azedo

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