Politica

PMDB anuncia que vai concorrer à presidência do Senado, mas não define o candidato

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postado em 04/12/2008 10:30
Ontem, a bancada do PMDB no Senado decidiu que terá candidato à Presidência da Casa. Também resolveu não escolher o candidato. A decisão foi unânime, mas o partido continua dividido. E nenhum dos participantes da reunião tem certeza de que a decisão será levada até o fim. Mas todos saíram satisfeitos. Ganharam tempo para tentar resolver suas contradições internas. Coisas do PMDB. O partido espera pelo senador José Sarney (AP). Ele é o único nome da bancada que seria imbatível. Mas aí entra outra contradição. Se for candidato, Sarney será eleito presidente. Mas ele só quer assumir o posto se não precisar ser candidato. Recusa-se a participar de disputas em plenário. Quer ser ungido. O problema é a obstinação do petista Tião Viana (AC), que se lançou há meses e está acumulando apoios. Sarney vem adiando sua decisão há semanas. Diz publicamente que não quer o cargo, mas dá sinais em contrário nos bastidores. Ontem, na reunião, ele não falou no assunto. Quando chegou sua vez de se pronunciar, foi diplomático. ;Minha posição é a da bancada. O partido tem a maior representação no Senado e, portanto, o direito de apresentar candidato à Presidência;, disse, sem se comprometer a ser esse nome. Mas todos sabem que, se houver um nome, deve ser o dele. O líder, Valdir Raupp (RO), foi encarregado de enviar um ofício às outras bancadas, avisando que o PMDB terá candidato nas eleições de fevereiro. O ofício não conterá nomes. Será a manifestação de uma intenção. Os peemedebistas estão preocupados porque Tião Viana vem ocupando o vácuo político deixado pela indefinição de Sarney. A decisão de ontem não significa nem mesmo que o PMDB terá candidato. A figura do ;candidato próprio; é abundante no folclore do partido. Antes de cada eleição presidencial, o partido passa pelo menos dois anos defendendo a candidatura própria. Quando chega a hora da campanha, deixa de lado a tese e espalha-se por outros palanques. Ao mesmo tempo em que mantém a possibilidade de candidatura de Sarney, o PMDB trabalha em um plano alternativo, caso ele mantenha suas resistências. Ontem, o senador Renan Calheiros (AL), principal articulador da bancada, almoçou com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Senador licenciado, ele é uma opção. É muito ligado a Sarney e, se desembarcar do ministério para disputar a Presidência do Senado, chegaria com jeito de candidato do governo, o que complicaria o discurso de Tião. Não por acaso, eles marcaram o almoço num restaurante, na Asa Sul, preferido pelos políticos quando querem ser vistos juntos. Derrota A decisão da bancada foi uma derrota para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR). Desde a semana passada, ele vinha articulando o apoio do partido a Tião. Agia por encomenda do Palácio do Planalto e em acordo com a bancada do PMDB na Câmara. Um acerto que pode lhe render a presidência nacional do partido no ano que vem. Mas na reunião de ontem, ele ficou isolado. Defendeu a negociação com o PT, dizendo que seria bom manter a possibilidade de aliar-se ao partido nas eleições presidenciais de 2010. ;O PMDB é a noiva mais cobiçada na sucessão do presidente Lula;, argumentou. Foi interpelado por Geraldo Mesquita (AC), da ala oposicionista da legenda. Mesquita disse que, ao assumir o papel de noiva, o PMDB abdicada de ser protagonista. E defendeu a tese do candidato à Presidência da República.Ontem à noite, Renan foi ao Palácio do Planalto comunicar a decisão ao presidente Lula.

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