Politica

Réu do mensalão é preso com dinheiro na cueca no aeroporto de São Paulo

;

postado em 09/12/2008 08:55
O empresário Enivaldo Quadrado, réu por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no processo do mensalão, foi preso pela Polícia Federal na madrugada de sábado. Ele desembarcava no Aeroporto Internacional de Cumbica com 361.445 euros em espécie, o equivalente a R$ 1,16 milhão. A PF teria descoberto o dinheiro em uma vistoria de rotina. Segundo a polícia, as cédulas estavam distribuídas sob as meias, na cintura, no interior de uma pasta de mão e até nas cuecas de Quadrado. A prisão foi em flagrante. Quadrado foi autuado por crime de falsidade ideológica, uma vez que declarou à Receita portar quantia inferior. Ontem à tarde, ele foi transferido de uma cela da PF em Cumbica para o Cadeião de Pinheiros. Ex-sócio da Bônus Banval Corretora de Valores, suposto canal para lavagem de dinheiro do publicitário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão, o empresário foi apanhado ao retornar de uma viagem à Europa. A PF constatou que ele passou alguns dias em Madri. Na volta, desceu em Lisboa e tomou um vôo da TAP. Em Cumbica, dois agentes federais o revistaram rotineiramente. São comuns abordagens desse tipo, sobretudo quando o passageiro oriundo de Portugal traz apenas bagagem de mão. Segundo a PF, ao se ver cercado, Quadrado admitiu: ;Estou com dinheiro;. Conferiram sua declaração ao Fisco, na qual ele havia omitido a quantia que transportava no corpo e na pasta. Quadrado preencheu, então, nova declaração atestando que trazia 300 mil euros, mas ainda desta vez o dado que apresentou não era correto. Dois federais e dois auditores da Receita passaram duas horas conferindo o montante e apuraram quase 361,5 mil euros. Diante da contradição, Quadrado foi autuado. A Polícia Federal suspeita que o empresário viajou com a missão específica de repatriar parte do dinheiro do mensalão. Quadrado não revelou a origem dos euros e nem o que pretendia fazer com o dinheiro em território nacional. Quando depôs à PF no inquérito do mensalão, o empresário contradisse Marcos Valério, que havia declarado investimentos de R$ 3 milhões em ouro e em dólar futuro por meio da Bônus Banval. Quadrado informou que os investimentos somaram R$ 6 milhões. Ele disse que pessoas autorizadas por Valério faziam resgate de aplicações. O empresário disse ter sido apresentado a Valério pelo ex-deputado José Janene (PP-PR), que também é réu no mensalão. O advogado Antonio Sérgio Pitombo, que conduz a defesa de Quadrado, observou que só teve acesso ao auto de prisão em flagrante e que ainda não dispõe de mais informações sobre o caso. Pitombo explicou que Quadrado não é mais sócio da Bônus Banval. A corretora, informou o advogado, foi liquidada depois do escândalo do mensalão. PERSONAGEM DA NOTÍCIA O homem da distribuição Enivaldo Quadrado foi um dos diversos nomes que surgiu nas investigações da CPI dos Correios, que apurava denúncia do esquema do mensalão pelo qual o PT pagava para partidos aliados votarem de acordo com a orientação do governo em matérias importantes no Congresso Nacional. Sócio da corretora Bônus Banval, Quadrado chegou a depor na CPI e disse que passava informações de investimentos ao publicitário Marcos Valério de Souza. A empresa entrou no rol da investigação como suspeita de envolvimento no esquema de distribuição de recursos montado pelo publicitário mineiro para pagar o ;mensalão;. A corretora aparecia como uma das beneficiadas pelas fraudes e teria chegado a sacar cerca de R$ 3,5 milhões das contas do empresário. A suspeita levantada na época era que Valério operava com a Bônus Banval e a corretora Guaranhus para desviar dinheiro dos fundos de pensão para os pagamentos dos parlamentares.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação