postado em 11/12/2008 09:27
O presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, Frederico Guilherme Pimentel, está preso junto com os desembargadores Elpídio José Duque e Rui Coutinho, além do juiz Josenider Varejão Tavares, em um alojamento da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, com cerca de 12m2. O espaço foi cedido à Polícia Federal, que não tinha onde colocar os detidos. Por terem foro privilegiado, os quatro não poderiam ficar em celas comuns junto com outros presos. Ontem, os quatro passaram o dia prestando depoimento na PF.
Pimentel, Duque, Coutinho e Tavares não têm mordomias. Eles desembarcaram na Base Aérea de Brasília por volta das 20h30 de terça-feira, e foram direto para a Secretaria de Segurança, onde permaneceram até a manhã de ontem, antes de serem levados para depoimentos. O percurso foi curto, já que os interrogatórios foram feitos em um escritório mantido pela Diretoria de Inteligência Policial (DIP) da PF, no Setor Sudoeste, a poucos metros do Complexo da Polícia Civil.
Os desembargadores, o juiz, dois advogados e uma funcionária do Tribunal de Justiça capixaba foram presos durante a Operação Naufrágio, desencadeada pela Polícia Federal na terça-feira, para desmontar um esquema de venda de sentenças. Escutas telefônicas autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) mostraram ligações dos representantes do Judiciário com um grupo preso em abril acusado de fraudes em importações de carros de luxo. Além disso, os grampos da PF revelaram que pode ter havido irregularidades em concurso para juízes no Espírito Santo e a existência de nepotismo.
Os integrantes do Poder Judiciário não receberam nenhuma visita durante a curta estada. No alojamento onde estão possuem apenas dois beliches e um frigobar, usados pelos policiais civis que trabalham em plantões no gabinete do secretário Valmir Lemos, que é delegado federal à disposição do Governo do Distrito Federal. Do lado de fora, escolta de agentes, e do lado de dentro, calor por causa da falta de ventiladores ou ar-condicinado.
Os demais presos ; a servidora do TJ Bárbara Sarcenelli, Frederico Pimentel Filho e um advogado ; foram levados para a superintendência da PF em Brasília, e também deveriam depor ontem. O procurador de Justiça do Espírito Santo, Eliézer Siqueira de Souza, detido por porte ilegal de armas, não foi transferido para Brasília. Com ele, a Polícia Federal apreendeu 16 armas de uso restrito das Forças Armadas.