Politica

Maia e Paes discutem sobre data de entrega de obra de R$ 518 mi no Rio

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postado em 12/12/2008 09:07
Rio de Janeiro ; Obra faraônica ou elegia à cultura, a Cidade da Música, derradeira e mais polêmica ação da administração César Maia, que em menos de um mês encerra um ciclo de 16 anos de poder na capital carioca, tornou-se pivô de um duro atrito entre o prefeito que sai e o que entra, que pode levar o eleito Eduardo Paes a abrir uma auditoria especial para investigar a obra. Em construção no meio da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, a Cidade da Música, já comparada por César Maia ao Taj Mahal e a Brasília, custará oficialmente R$ 518,6 milhões, sendo R$ 22 milhões pagos, sem licitação, ao escritório francês de arquitetura Christian de Portzamparc ; criador da Cité de la Musique, em Paris. Com os operários trabalhando dia e noite no esqueleto, César Maia marcou a inauguração para o próximo dia 18, com uma apresentação da cantata Carmina Burana, com músicos da Osesp (Sinfônica do Estado de São Paulo) ; regida pelo não menos polêmico maestro John Neschling ;, mas basta passar pela obra para ver que ela não estará pronta. Embora a sala de concertos esteja adiantada, faltarão, entre outras coisas, o acabamento final de vários equipamentos que serão terceirizados, como as áreas de cinema, a midiateca, o café, as lojas e o restaurante. As 13 salas de ensaio serão entregues sem a finalização do teto e a parte elétrica. A sala de música eletro-acústica ficará pronta em 15 dias, ou seja, no governo Paes. ;Se você compra um apartamento e falta completar o hall de entrada, a obra não está pronta?;, pergunta Maia ao Correio. ;Não se pode inaugurar algo que não foi concluído;, rechaça Paes. Descobriu-se agora que serão gastos mais R$ 1,2 milhão na cerimônia de estréia. Homenagem Curiosamente, a ;maior sala de concertos da América Latina;, com 94 mil metros quadrados do terreno, que tem o nome oficial de Cidade da Música Roberto Marinho ; uma homenagem do prefeito ao falecido presidente das Organizações Globo ;, será herdada pela futura secretária das Culturas, a ex-deputada Jandira Feghali, uma das maiores críticas da obra. ;É um grande problema e um erro de prioridade;, adianta Jandira, que foi candidata à prefeitura no primeiro turno e apoiou Paes no segundo. Em março, chegou a ser instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para analisar o custo de construção da Cidade da Música, presidida pelo vereador Carlo Caiado (DEM), aliado de Paes. A investigação, entretanto, morreu na praia. Como não houve acordo, a CPI acabou sem ter aprovado um relatório final. O vereador Roberto Monteiro (PCdoB), do partido de Jandira, autor da proposta de criação da CPI da Cidade da Música, mandou um relatório paralelo ao Ministério Público Estadual sugerindo o indiciamento de dois ex-secretários municipais, Eider Dantas, de Obras, e Ricardo Macieira, das Culturas. A polêmica girava em torno do valor inicial proposto para a obra, cerca de R$ 80 milhões. Herança caótica de uma capital O Rio herdado pelo futuro prefeito Eduardo Paes é uma cidade que vive uma grande desordem urbana, com favelização crescente, hospitais municipais deficientes ; enquanto o Programa Saúde da Família tem cobertura de apenas 7%, uma das menores entre as capitais ;, ruas esburacadas, transporte alternativo tomado por uma frota ilegal, população de rua, flanelinhas e marginalidade. ;(A Cidade da Música) era uma obra absolutamente prioritária para uma cidade que é o centro cultural do país e que tinha perdido sua referência, que recupera agora;, justifica César Maia, que tem feito sua ;prestação de contas; usando o site de vídeos YouTube. ;Teria muito mais votos se fizesse obras espalhadas, uma obra aqui, outra ali, um atendimento aqui, uma clientela ali. A Cidade da Música não é feita para as próximas eleições, mas para as próximas gerações;, discursou o prefeito. Rombo Como resposta, o prefeito eleito já avisou que vai criar a Secretaria de Ordem Pública, para o ordenamento e o combate a pequenos delitos. A equipe de transição de Paes também já alertou-o de que o superávit de R$ 400 milhões anunciado por César Maia não existe e que ele vai herdar sim um rombo de R$ 400 milhões na contas. Eduardo Paes tem criticado as operações financeiras de última hora que o prefeito tem feito utilizando títulos do Previ-Rio. Maia foi rápido e rasteiro na resposta. ;Ele trabalhou comigo há 10 anos e precisava de ajuda para fazer cálculo de porcentagem;, alfinetou.

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