Politica

Adversários do governo preferem Garibaldi no Senado

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postado em 14/12/2008 08:03
A decisão do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), de disputar a reeleição em fevereiro ganhou a simpatia da oposição. Para tucanos e democratas, essa solução minimiza o fator estratégico da disputa pelo comando da Casa na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. Garibaldi é visto como um parlamentar independente, muito menos alinhado ao Palácio do Planalto do que José Sarney (PMDB-AP) e Tião Viana (PT-AC), nomes que aparecem na bolsa de apostas no Senado.

A eleição para a presidência da Casa vinha se tornando cada dia mais central no debate sobre 2010 depois que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), começou a articular a favor do apoio dos tucanos ao petista Tião Viana (AC), tendo recuado logo depois. Ao manter o jogo inalterado com Garibaldi, o PT não se fortalece, e a posição de Lula junto ao grupo do PMDB que comanda o Senado não ganha fôlego.

Garibaldi decidiu disputar a reeleição ao cargo estimulado por um entendimento do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Francisco Rezek sobre a constitucionalidade da empreitada. A tese é a de que o senador não foi eleito para um mandato de dois anos, mas sim para concluir o de Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou em dezembro do ano passado em meio a processos por quebra de decoro no Conselho de Ética. Isso porque a legislação impede que o presidente da Casa dispute um novo mandato dentro da mesma legislatura. Na sexta-feira, Garibaldi telefonou para colegas de bancada para informá-los da decisão de concorrer em fevereiro.

Avaliação
Simpático à candidatura de Tião Viana, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) sustenta que ainda é preciso analisar a validade jurídica da empreitada de Garibaldi, mas não descarta votar no peemedebista. ;Eu tento convencer o partido a votar no Tião. É um modelo ético melhor ao Senado, mas se o Garibaldi for candidato, as coisas podem ser reavaliadas;, afirmou.

Enquanto o jogo no Senado ainda é incerto, o da Câmara ganha novos contornos (leia mais na página 5). Garibaldi acha que a sua eleição não ajuda nem os tucanos nem os petistas para as articulações para a sucessão do presidente Lula. ;Eu acho que não tem ligação.;

Contrário à candidatura de Tião Viana, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse ser plausível a viabilidade do presidente do Senado e sustentou a facilidade de ele ganhar força entre seus colegas. ;Ele acabou conquistando a simpatia dos colegas pela forma franca com que atuou;, afirmou o tucano, dizendo haver uma tendência dentro do PSDB de apoiar o nome da maior bancada para comandar a Casa. ;Sempre houve uma tendência do partido em preservar a tradição de manter a presidência com o partido de maior bancada;, acrescentou.

A candidatura também começa a ganhar musculatura dentro do PMDB. ;O Garibadi foi eleito para um mandato-tampão, para terminar o do Renan. Ele não estaria sendo reeleito. É uma tese bem fundamentada;, afirmou o gaúcho. ;Ele tem a simpatia do Congresso, pode agregar e somar;, acrescentou.

O nome de Garibaldi pode acabar com um dilema dentro da bancada do PMDB. Há 10 dias, o partido anunciou que lançaria um nome à Presidência do Senado. O problema era encontrar um nome viável para disputar a vaga. Como Sarney resistia em assumir a missão, os peemedebistas temiam começar 2009 sem um candidato, o que poderia fortalecer as pretensões de Tião Viana.

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