postado em 17/12/2008 08:57
;O assunto é polÃtico. A Casa é polÃtica. Se o Senado avaliar que o Garibaldi pode ser candidato, ele será. Se avaliar que não, não será.; A frase dita ontem ao Correio pelo senador José Sarney (PMDB-AP) resume o clima interno do Senado após a recente decisão do presidente Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) em disputar a reeleição em fevereiro. A viabilidade polÃtica dele contará mais alto do que o risco jurÃdico de ser candidato.
A bancada de senadores do PMDB se reúne hoje para discutir o assunto. O comando do partido sonha em acabar com a resistência de Sarney em aceitar a disputa. Até Garibaldi já avisou que abre mão de sua reeleição caso o colega ceda. Ontem, o ex-presidente da República voltou a dizer que não quer retornar ao comando do Senado. ;Não desejo participar da eleição.;
A polêmica começou na sexta-feira passada, quando Garibaldi anunciou a disposição de continuar no cargo. A Constituição impede a reeleição para o comando do Senado dentro de uma mesma legislatura. O senador potiguar alega, baseado numa posição de Francisco Rezek, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que está cumprindo um mandato-tampão por ter substituÃdo Renan Calheiros (PMDB-AL) em dezembro do passado. Na época, o alagoano deixou o cargo em meio a processos no Conselho de Ética.
Internamente, o PMDB, dono da maior bancada do Senado, avalia que o lançamento de Garibaldi servirá, por enquanto, para preencher um vazio e isolar a candidatura de Tião Viana (PT-AC). A estratégia é ganhar tempo para convencer Sarney. O nome de Garibaldi não é unanimidade dentro da bancada. O parlamentar, porém, garante que não está blefando. ;Não sou instrumento de ninguém. Não sou bucha de canhão. Eleição não é brincadeira. Não vejo ninguém no partido querendo conduzir isso dessa maneira.;
Confiança
O lÃder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), por exemplo, é contra o nome de Garibaldi por questões polÃticas, já que o Palácio do Planalto não confia no senador. Publicamente, entretanto, o lÃder usa o argumento do risco de o Senado enfrentar um eventual imbróglio jurÃdico. Ele alega que Garibaldi poderá, se for reeleito, disputar uma nova eleição em 2011, quando começa a próxima legislatura, o que o deixaria num terceiro mandato. ;Se for assim, vamos mudar tudo e dar três mandatos a presidente da República, governador e prefeito;, ironiza.
Jucá pretende expor sua posição na reunião de hoje entre os peemedebistas. A expectativa é a de que o lÃder da bancada, Valdir Raupp (RO), dê uma tÃmida manifestação a favor de Garibaldi. Raupp vive uma queda-de-braço com Renan e Sarney pelo controle polÃtico da bancada peemedebista e não interessa a ele o fortalecimento dos dois.
Já o petista Tião Viana minimiza a eventual candidatura de Garibaldi, apesar de seu partido já ter avisado que deve contestá-la na Justiça. ;Meu caminho é de apostar no entendimento. Ainda acredito numa candidatura única;, afirmou. O petista conta com o apoio de Jucá dentro do PMDB. Para o lÃder do governo, não há alternativas a Sarney ou Viana. Se o ex-presidente não topar, Jucá, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trabalhará para um acordo a favor do PT.
A oposição, por sua vez, aguarda de camarote o desenrolar dessta novela. O PSDB, por exemplo, não acredita no sucesso da candidatura de Garibaldi. O partido torce para Sarney ser o candidato, assim como o DEM. O temor das duas legendas é que ele não ceda, aumentando as chances de Tião Viana na eleição marcada para fevereiro.
Ouça: O senador José Sarney (PMDB-AP) comenta a viabilidade da candidatura à reeleição do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN):