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Investigado pela PF, deputado destina R$ 100 mil à construção da sede da corporação em BH

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postado em 18/12/2008 11:47
O deputado João Magalhães (PMDB-MG) é um político sem rancor de seus algozes. Para 2009, o parlamentar apresentou uma emenda individual de R$ 100 mil destinada à construção da nova sede da Polícia Federal em Belo Horizonte, capital mineira. Foi essa mesma PF que o apontou como ;principal mentor do esquema criminoso; que desviara recursos públicos em cidades do interior do estado, descoberto em junho na Operação João de Barro. A Corregedoria da Câmara abriu investigação contra o parlamentar, mas a decisão de sugerir a cassação ao Conselho de Ética ou arquivar as apurações ficou para o ano que vem. Em julho, o Correio revelou que uma escuta ambiental feita com autorização da Justiça flagrara a mulher do deputado, Renata Magalhães, no escritório do lobista João Carlos de Carvalho, tido pela polícia como operador financeiro do esquema. Segundo a PF, a visita de dezembro de 2007 serviu para que Renata buscasse propina para seu marido. O repasse, a principal prova da polícia contra o deputado, corresponde a um adiantamento que o lobista faria ao parlamentar para os prefeitos conseguirem a liberação de recursos federais. Magalhães é um dos 17 deputados mineiros que destinaram R$ 1,75 milhão em emendas individuais para a obra. Lá, a PF funciona num prédio construído em 1982, atualmente abarrotado de policiais. No início, a polícia tentou inscrever uma emenda de bancada, sem o carimbo da autoria de parlamentares. Contudo, não houve acordo entre os deputados. Foi aí que, depois, vingou a idéia do deputado Alexandre Silveira (PPS-MG) de destinar emendas individuais. ;Acho estranho até o fato de ele (João Magalhães) ter apresentado as emendas. Talvez seja uma tentativa de boa vizinhança;, disse Julio Delgado (PPS), um dos que destinaram recursos (veja quadro nesta página). Adiamento João Magalhães ganhou ontem um presente de Natal da Câmara. O corregedor da Casa, Inocêncio Oliveira (PR-PE), prorrogou para fevereiro os trabalhos da comissão de sindicância que decidirá se a Câmara abre processo de perda de mandato contra ele e Ademir Camilo (PDT-MG), também envolvido na operação. A alegação é de que, apesar dos insistentes pedidos, o colegiado não teve acesso ao inquérito sobre os dois no Supremo Tribunal Federal (STF). A não ser que o STF repasse as informações, segundo Inocêncio, o caso ficará para o próximo corregedor. ;Não quero arquivar nada;, disse. João Magalhães nega que tente influenciar a PF com a emenda. ;Coloquei para a entidade como colocaria para qualquer outra;, declarou.;Não vejo nenhum ato a favor ou contra a polícia;, avalia. O parlamentar não quis comentar o flagrante captado pela escuta sobre sua mulher. ;O caso está sob segredo de Justiça;, limitou-se a dizer, negando envolvimento com os desvios investigados pela PF. OS AUTORES As emendas da bancada mineira para reformar a sede da PF em BH Doou R$ 150 mil Alexandre Silveira (PPS) Doaram R$ 100 mil Jõão Magalhães (PMDB)*, Mauro Lopes (PMDB), Carlos Melles (DEM), Vitor Penido (DEM), José Santana de Vasconcelos (PR)*, Jaime Martins (PR)*, Miguel Corrêa (PT), Odair Cunha (PT), Reginaldo Lopes (PT), Virgílio Guimarães (PT), Fábio Ramalho (PV), José Fernando Aparecido de Oliveira (PV), Custódio Mattos (PSDB) Paulo Abi-Ackel (PSDB), Rodrigo de Castro (PSDB) e Julio Delgado (PSB) * Parlamentares que foram investigados pela Operação João de Barro

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