O desaparecimento de agenda funcional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) rendeu mais uma denúncia da força-tarefa criada pelo Ministério Público Federal e encarregada de apurar irregularidades em contratos da estatal. Fernando Leite de Godoy, ex-assessor da Diretoria de Administração da empresa, é acusado pelos procuradores da República de extraviar o documento, o que teria prejudicado as investigações do caso. Godoy é filiado ao PTB do ex-deputado Roberto Jefferson.
Segundo o MPF, após tomar conhecimento de reportagem sobre as irregularidades na estatal, atribuídas ao PTB e que deram origem ao escândalo do mensalão (leia memória), Godoy se dirigiu para a sede dos Correios, no Setor Bancário Norte. Era 14 de maio de 2005, um sábado, quando o controle de acesso do prédio o flagrou no local duas vezes: às 8h35 e às 15h39. Numa delas, segundo a denúncia, teria ocorrido ;a dolosa retirada de sua agenda funcional e posterior ocultação;.
Ligações
Os procuradores ouviram secretárias da ECT para saber detalhes sobre o conteúdo da agenda. ;Era comum que o senhor Fernando Leite de Godoy efetuasse e recebesse ligações telefônicas de parlamentares ou pessoas vinculadas às áreas políticas. Era comum o recebimento de telefonemas originários de políticos vinculados ao PTB, PMDB e outros;, disse uma delas.
Conhecido como fraude processual, o crime atribuído a Godoy tem pena prevista de até dois anos de cadeia. O ex-assessor não foi localizado pela reportagem. Há 15 dias, ele apresentou à 10; Vara da Justiça de Brasília, onde tramita o caso, defesa prévia sobre a acusação. À CPI do Correios, em 2005, ele afirmou que esteve na ECT para pegar objetos pessoais porque sabia que seu chefe, o então diretor de Administração, Antônio Osório, deveria sair. Sustentou que não levou a agenda.
Essa é a segunda denúncia do MPF contra Godoy no caso Correios. Na primeira, ele responde à acusação de crimes como formação de quadrilha e corrupção juntamente com Roberto Jefferson, Maurício Marinho, Antônio Osório e outros funcionários da estatal.
Memória
Flagrante da propina
O mensalão teve início após denúncia, em 2005, do pagamento de propina a servidores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Uma gravação em vídeo mostrava o flagrante de Maurício Marinho, então chefe do Departamento de Contratação e Administração da estatal, recebendo R$ 3 mil de um suposto empresário interessado em contratos da empresa.
Marinho era uma indicação política do PTB, partido comandado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). Acossado por denúncias de que chefiaria a tal ;caixinha;, Jefferson acusou integrantes da cúpula do PT, como o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, de comandar esquema de mesada a parlamentares da base aliada em troca de apoio político ; o mensalão.