postado em 04/01/2009 08:36
Onde vai o novo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), uma sombra o segue. Ele se veste igual ao chefe ; paletó azul marinho, camisa da mesma cor num tom mais claro, gravata opcional, relógio de marca ; e o conhece há mais de 10 anos, quando trabalhou em seu gabinete na Câmara dos Vereadores, no início da vida pública de ambos. Discípulo fiel, substituiu o amigo na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o seguiu até Brasília, onde foi chefe de gabinete do então deputado tucano. Primeiro secretário anunciado pelo prefeito Eduardo Paes, dono da Casa Civil, o deputado estadual Pedro Paulo (PSDB), 36 anos, é chamado pelos corredores de "Dilma do Paes".Pedro Paulo ri da comparação com Dilma Rousseff, candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão, mas não a rejeita. Sua função, explica, é cuidar da máquina para que Paes possa exercer a função política da qual se omitiu seu antecessor, Cesar Maia (DEM), conhecido por administrar a cidade a partir de um notebook, em seu gabinete no Palácio da Cidade. ;O prefeito era muito mais burocrata do que um agente político, isolando-se em seu gabinete, cuidando de formalismos, governando virtualmente a prefeitura. Por isso, a Casa Civil absorveu muitas tarefas do gabinete do prefeito;, explica Pedro Paulo, divertindo-se com a fama de fominha. ;Não tenho superpoderes;, diz ele.
Se Cesar Maia foi o mentor, e o governador Sérgio Cabral (PMDB) é o padrinho que o aproximou do presidente Lula, Pedro Paulo é o grande interlocutor. Paes não decide praticamente nada sem falar antes com o amigo de todas as horas, que faz parte de 10 entre 10 comissões, grupos de trabalho e projetos decididos pelo novo prefeito.
Técnico elogiado, mestre em política aplicada pela Fundación Iberoamericana de Políticas Públicas Gobierno, de Madri, Pedro Paulo ainda buscou voo próprio, elegendo-se deputado estadual em 2006 com 31.355 votos. Mas, como diz um amigo comum, ele nasceu para ser sombra de Paes. Mais do que o amigo mais chegado e assessor mais confiável, Pedro Paulo é a síntese do grupo político do novo prefeito. São todos muito jovens, beirando os 40 anos, transitam com facilidade entre vários partidos ; o que ajuda a montagem de alianças, mas dificulta uma definição ideológica ; e moram ou moraram na área muito abastada da cidade, entre São Conrado, na Zona Sul, e a Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Seguidores
Se Cesar Maia foi o parteiro político de muitos, é Paes quem inspira a equipe de secretários e assessores. Talvez por isso, o novo prefeito esteja criando, ainda que involuntariamente, a primeira escola de seguidores. Num ato que costuma ser burocrático, ele nomeou na última semana os novos prefeitinhos do Rio, responsáveis por administrar bairros mais populosos da cidade.
O próprio Paes saiu dessa peneira de políticos-trainee ao ser indicado por Maia, em 1993, com 23 anos, o primeiro subprefeito da região da Barra e Jacarepaguá. Foi sucedido por então políticos que agora se tornaram secretários de Paes, casos do novo xerife da Ordem Pública, Rodrigo Bethlem (PMDB), e do titular da pasta de Obras, vereador Luiz Antônio Guaraná (PSDB). Paes também é amigo do deputado Índio da Costa (DEM). Coordenador do plano de governo, outro amigo de Paes, Marcello Faulhaber, tornou-se subchefe da Casa Civil.