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Em entrevista, Leonardo Prudente defende autonomia, mas quer harmonia entre os poderes

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postado em 04/01/2009 08:44

O deputado distrital Leonardo Prudente (DEM) deixa claro, em entrevista ao Correio, que construiu com os colegas a sua eleição para a Presidência da Câmara Legislativa. A vitória, segundo ele, teve o apoio do governador José Roberto Arruda (DEM), mas foi trabalhada e viabilizada pelos parlamentares. Apesar das declarações de certa autonomia, Prudente amarrou seu destino político ao do governador. Diz que fará tudo para ajudar a gestão do companheiro de partido.

O novo presidente defende a aprovação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) e diz que a oposição tem discurso vazio ao condenar a aprovação pelos deputados distritais da criação do Setor Habitacional Catetinho. Ele avalia que o projeto poderia ter sido mais debatido, mas jamais encontraria a perfeição. Eventuais falhas, analisa, poderão ser corrigidas pela própria Câmara ou pelo governador Arruda, com vetos a emendas apresentadas na tramitação. Para Prudente, o sucesso dos projetos do Executivo é importante para todos do grupo político. E faz uma metáfora: ;Pegamos os deputados todos numa canoa, e colocamos o governador e o vice-governador nessa canoa. Aí fura a canoa, todos afundam juntos;.

Uma das primeiras medidas, na sua gestão, será a apreciação do veto ao projeto que reajustou em 12,41% os salários dos servidores da Câmara. Já se fala em derrubada do veto. Qual é a sua avaliação?
Essa é uma decisão colegiada porque envolve toda a Casa. Nós vamos avaliar as razões do veto e no início de fevereiro a Câmara terá a opção de manter o veto, derrubar ou até mesmo apresentar um novo projeto que contemple a expectativa dos servidores na Casa, o que na minha avaliação é muito justo porque não se trata de aumento e sim de reposição de inflação, uma vez que há 30 meses os servidores não têm salários reajustados.

Depende de quê?
É importante avaliarmos o cenário econômico. A nossa avaliação é de que o cenário é favorável. Tudo leva a crer que a situação é de normalidade e que não teremos dificuldade em atender o pleito.

Muito se fala que o governador Arruda quer investir pesado em 2009 e transformá-lo no ano mais importante da gestão. O senhor acha que ele conseguirá?

O governo tem um grande desafio: o Interbairros, os viadutos, o VLT (veículo leve sobre trilhos), a questão do Programa Brasília Integrada. São obras que demandam uma monta significativa de recursos. Estou confiante de que o governo terá os recursos para fazer e, se ainda for viabilizado o Noroeste, com a venda dos terrenos, vão faltar projetos pelo volume de recursos que o governo terá disponível.

O Pdot (Plano Diretor de Ordenamento Territorial) foi debatido como deveria?
Quanto mais debate, melhor. Mas é claro que precisa haver um ponto de equilíbrio em relação a isso. O projeto chegou à Câmara Legislativa em novembro de 2007 e tramitou por aproximadamente 13 meses antes de ser votado. Quando chegou em maio, o próprio governo entendeu que havia falhas e que precisava ser reavaliado. O governo, então, apresentou essas sugestões. Foram 13 audiências públicas, uma comissão geral, algumas reuniões técnicas. Se você me perguntar, poderia se discutir mais? Eu diria que sim. Mas a qualquer momento que fosse votado haveria controvérsias. Se discutisse um mês, haveria falhas. Se discutisse um ano, também. Isso não tem fim, até pela complexidade. Nesse caso, o ótimo é inimigo do bom.

Na aprovação do Pdot, a Câmara incluiu 305 emendas na última hora pelo seu feeling o governador vai vetar muitos pontos?
Acredito que não. A tendência é ter o máximo possível do texto colocado. Como esse projeto exige uma natureza muito técnica, os técnicos da Seduma (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente) participaram da elaboração, acompanharam até o último minuto a votação e todas as emendas. Foram 305 emendas. Mas durante todo o tempo houve participação do governo.

A implantação do Setor Catetinho é um dos pontos controversos do Pdot. O senhor avalia que há riscos ambientais, como apontam a oposição e o Ministério Público?
Quando começou a discussão, havia algumas posições contrárias, até do Ibram (Instituto de Meio Ambiente do DF) em relação ao adensamento naquela região. No decorrer dos debates, os técnicos entenderam que era possível fazer o adensamento. Era possível fazer o setor habitacional, desde que se cumprisse uma série de pré-requisitos, ou seja, que o estudo de impacto ambiental iria definir as condições de ocupação da área. Existe um capítulo no Pdot especialmente para isso. Na minha avaliação, vai ser muito difícil o governo atender esses pré-requisitos e se não atender não pode implantar. Então hoje o Catetinho é uma possibilidade. Não significa que nós votamos e que nós vamos começar a abrir as ruas... Votei essa parte do Catetinho de forma muito confortável. O discurso da oposição ficou vazio para mim.

Qual é o papel da Câmara Legislativa em 2009 em relação aos planos do governador?

A base de sustentação do governo é co-responsável pelo sucesso do governo. Vejo que, na política, o eleitor tem dificuldade de entender o parlamentar que ora está com o governo, ora está contra o governo. Ou seja, o parlamentar que se coloca como independente. Esse corre o risco de ficar independente também na eleição. Pegamos os deputados todos numa canoa, e colocamos o governador e o vice-governador nessa canoa. Aí fura a canoa, todos afundam juntos. Essa é a minha visão.

A sua candidatura teve o apoio do governador?
Ela foi apoiada pelo governador, construída pelos deputados.

Dá mais independência?
De certa forma, sim. Mas sou parte de um grupo, inserido nesse grupo e vou trabalhar pelo sucesso desse grupo. Serei o primeiro a lutar com toda a minha força pelo sucesso do governo.

O DEM fechou posição contra a reeleição da Mesa Diretora. Essa posição vale também para o Executivo?

Não. É uma posição só em relação ao Parlamento.

O senhor acha que o ex-governador Joaquim Roriz será candidato novamente ao governo?
Não deixa de ser uma possibilidade. Mas acho que o ex-governador Roriz cumpriu sua fase, cumpriu a sua missão. Fez um estilo de político para o seu momento, mas a tendência é a combinação com o
governador Arruda.

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