Politica

Líder tucano é grampeado

Polícia Civil de São Paulo desmonta esquema de venda de dados sigilosos. Uma das vítimas é deputado do PSDB

postado em 08/01/2009 08:53
O presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Itagiba (PMDB-SP), afirmou ontem que a comissão vai investigar a denúncia de que o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), foi alvo de uma interceptação ilegal de uma quadrilha especializada em escutas clandestinas. O líder tucano disse que foi avisado por dois delegados da Polícia Civil de São Paulo há cerca de um mês e meio de que seus telefones foram ilegalmente grampeados. Itagiba afirmou ainda que, diante da gravidade da denúncia, os trabalhos da comissão podem ser mais uma vez prorrogados ; estão previstos para serem encerrados em março. Iniciadas em 2004, as investigações da Polícia Civil paulista desbarataram ontem um esquema de venda de informações confidenciais, como dados telefônicos e bancários. Com base em escutas autorizadas pela Justiça, descobriu-se que funcionários de operadoras de telefonia fixa e celular quebravam, sem autorização judicial, o sigilo telefônico de clientes e os revendia por R$ 200 a R$ 2 mil para detetives particulares. Mais de 100 pessoas tiveram conversas interceptadas em um ano. A polícia estadual pediu a prisão de 21 suspeitos, mas a Justiça determinou ontem a detenção de nove investigados da quadrilha. Cinco policiais estão envolvidos, segundo as investigações. A quadrilha também vendia informações bancárias. ;Eles quebraram o sigilo do Brasil inteiro a partir daqui;, afirmou o delegado Ruy Ferraz Pontes, responsável pela operação. Um dos telefones grampeados foi o celular da secretária do líder tucano em Brasília. José Aníbal disse que, em uma das duas conversas interceptadas, duas mulheres conversavam sobre a atuação parlamentar do líder na Câmara e mencionavam até a sua mãe. ;Quero todo o esclarecimento. O que era e qual o objetivo da quadrilha. Quero realmente que essa gente seja punida;, disse José Aníbal. O presidente da CPI dos Grampos decidiu encaminhar ofício ao Ministério Público estadual e à Polícia Civil paulista para obterem detalhes da operação. A partir de então, os envolvidos no grampo ilegal podem ser convocados a depor na comissão. ;É um fato gravíssimo que precisa ser apurado;, afirmou Itagiba, que há um mês havia sido alertado pelo próprio Aníbal das suspeitas. Contratos Integrante da CPI e da bancada tucana, o deputado Gustavo Fruet (PR) afirmou que, além de reforçar o pedido de Itagiba, deve propor outras três medidas à comissão: descobrir quem contratou os serviços da quadrilha, encaminhar uma representação à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para pedir esclarecimentos sobre quais medidas de segurança são adotadas pelo órgão regulador para evitar grampos ilegais e enviar uma representação também ao Ministério Público Federal. ;É preciso saber qual a motivação do grampo;, disse Fruet, para quem o fato ;demonstra mais uma vez a vulnerabilidade do sistema e a falta de controle por parte da agência responsável pelo setor;. Na CPI, contudo, a apuração só deve começar para valer no início de fevereiro, na volta do recesso parlamentar.

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