Politica

Câmara aprova pagamento extra para cargos de chefia

Servidores com funções de confiança na Casa receberão adicional mesmo sem curso de especialização. Projeto foi votado na surdina

postado em 08/01/2009 08:57
Em pleno recesso parlamentar, servidores efetivos da Câmara dos Deputados ganharam um presente para o próprio bolso. A partir de fevereiro, a Casa pagará o ;bolsa-chefia;, um repasse extra a quem ocupa uma função diretiva. O benefício foi incluído no ato aprovado ontem pela Mesa Diretora que regulamentou o adicional de especialização, criado, teoricamente, apenas para quem se qualificou academicamente. O argumento para estender a ajuda aos chefes é o de que a cadeira de comandante é equivalente a um longo período na sala de aula. O problema é que o servidor com cargo de chefia, chamado de função comissionada, já recebe um percentual extra por assumir essa missão. Agora, mais um adicional será pago a este mesmo funcionário. No total, o ato aprovado pela Mesa aumentará em R$ 4 milhões o gasto mensal da Câmara com folha de pagamento dos três mil servidores concursados. A Casa não revela quantos serão beneficiados pelo ;bolsa-chefia;. No caso dos servidores qualificados academicamente, a proposta cria um pagamento escalonado, desde o curso de graduação ao doutorado. Os salários na Câmara variam de R$ 4,2 mil a R$ 12 mil. O novo benefício, inclusive os dos chefes, não pode passar de R$ 1,8 mil mensais. Em 17 de dezembro, o Correio revelou que a Mesa Diretora do Senado votaria a mesma proposta naquele dia. Pressionado, o presidente da Casa, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), recuou e anunciou que o tema seria apreciado somente a partir de fevereiro. Por enquanto, a promessa está sendo cumprida (leia memória ao lado). Surdina Discretamente, os integrantes da Mesa Diretora reuniram-se na casa do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), num período em que o Congresso está vazio por causa do recesso parlamentar. Celebrada a votação, que contou com o apoio do primeiro-secretário, Osmar Serraglio (PMDB-PR), candidato à Presidência da Câmara, o Sindicato dos Servidores Legislativos (Sindilegis) comemorou o resultado. Em seu site, o discurso era de vitória. ;Os servidores podem comemorar;, diz texto publicado na página da entidade na internet. Em entrevista ao Correio, o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, defendeu a proposta que estende o adicional de especialização aos diretores. Assim como alega o Sindilegis, o servidor que passa anos numa função de comando merece o mesmo adicional de quem passou na sala de aula, argumenta Sampaio. ;A gente entende que o funcionário também se especializa na função de diretor, já que não tem tempo para aprender fora. O aprendizado nessa função também conta. É um adicional para quem fez curso de formação como para pessoas que estão há vários anos em cargo de chefia;, afirmou. O mesmo discurso foi adotado pelo primeiro-secretário Serraglio (PMDB-PR). ;Trabalhar como chefe não deixa de ser acúmulo de conhecimento;, declarou. O parlamentar afirmou que a Casa já deveria ter iniciado o pagamento do benefício em 2007. ;A Câmara não tinha outra saída. Há uma lei mandando pagar. Agora, a situação chegou num limite. Tivemos que fazer uma opção: cumprir a lei ou não;, disse, acrescentando que a decisão não tem efeito retroativo. Também foi aprovado ontem ato que garante plano de saúde a 12 mil comissionados da Casa. Memória Senado vetou o benefício Às vésperas do recesso parlamentar, em meados de dezembro, o Senado tentou votar o ;bolsa-chefia;, benefício que estende o adicional de especialização a quem ocupa cargo de direção, mesmo não tendo qualquer título acadêmico. Após o Correio revelar a articulação para aprovar a ;ajudinha; nos já gordos contracheques em até R$ 1,9 mil, a Mesa Diretora não teve coragem de votá-la. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), decidiu cancelar a reunião e mandou um recado ao Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis). ;O sindicato tem todo o direito de dialogar conosco, mas só vamos apreciar (a proposta) quando acharmos necessário;, disse Garibaldi na época. A Câmara, contudo, se fez de desentendida. E ontem aprovou um projeto parecido. O impacto na folha de pagamento chegará a R$ 48 milhões ao ano. De nada adiantou a tentativa do Senado de economizar R$ 70 milhões anuais, brecando a proposta. ;A lei existe e faltava a regulamentação, fizemos um acordo com o sindicato de que vai ser pago o adicional de especialização, mas que não será retroativo;, afirmou o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

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