postado em 14/01/2009 08:42
A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu recuar e anular o pagamento da gratificação extra de até R$ 1,8 mil mensais que seria repassada a servidores com pós-graduação ; o privilégio era extensivo à queles que ocupam cargo de chefe, independentemente do nÃvel de escolaridade. O adeus à bolsa-chefia dos funcionários já era discutido nos bastidores pelos parlamentares, mas a gota d;água veio ontem com a irritação do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O parlamentar petista não gostou da disposição dos servidores efetivos de irem à Justiça pelo pagamento do adicional retroativo a 2007. Com o recuo, nem chefes nem funcionários que possuem alguma especialização acadêmica receberão o benefÃcio. ;A nossa decisão foi no sentido de zerar a negociação. Não vamos discutir mais esse assunto durante minha gestão. Agora, a regulamentação dessa lei ficará por conta da próxima administração;, disse Chinaglia.
Ontem o Correio mostrou que os funcionários já articulavam um processo judicial para garantir o recebimento dos benefÃcios com base na edição da lei, datada de 2006. A notÃcia desagradou ao presidente petista, que acreditava na validade do acordo fechado com o Sindicato dos Servidores Legislativos (Sindilegis), no qual o presidente da entidade, Magno Mello, garantira que não haveria briga judicial porque a categoria estaria satisfeita com a simples regulamentação do adicional. ;Não é possÃvel que a Mesa, num gesto generoso para valorizar aqueles que viessem a se qualificar, de repente, saiba pela imprensa que os funcionários iam se socorrer do Poder Judiciário. Nós percebemos que era preciso colocar um limite. Nem bem houve uma negociação e já havia gente dizendo que iria entrar na Justiça. Então demos um basta;, anunciou o presidente ao justificar o recuo.
A decisão de Chinaglia foi discutida com os demais integrantes da Mesa logo na manhã de ontem. Por unanimidade, os parlamentares aceitaram a ideia de voltar à estaca zero nas negociações com os servidores e deixar os problemas relacionados ao adicional ; e o desgaste pelo pagamento da bolsa-chefia ; para ser resolvido pela Mesa que será eleita em fevereiro.
Insistência
A decisão não surpreendeu os servidores que se preparavam para brigar na Justiça pelo recebimento dos benefÃcios. Ontem, durante a assembleia do sindicato, a funcionária Juliana Vale defendeu ao microfone que todos entrem com uma ação contra a União para cobrar o pagamento da benesse. ;Basta entrarmos na Justiça, nosso adicional está garantido por lei;, gritava ela enquanto era aplaudida pelos presentes.
O discurso da servidora foi seguido por outros funcionários da Câmara, que defendem a briga judicial como a melhor saÃda para o impasse em torno do pagamento do adicional. Chinaglia e os atuais secretários, cientes do destino que a briga tomará, resolveram lavar as mãos e deixar para seus sucessores o peso e a responsabilidade de encontrar uma saÃda para o impasse. ;O problema que se percebe nesses debates é que querem empurrar para os cofres públicos todo e qualquer benefÃcio;, disse Chinaglia, referindo-se ao rombo de R$ 96 milhões que o pagamento retroativo custaria.
Ouça: áudio com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia