Politica

Efeito Sarney leva esperança a adversários de Temer na Câmara

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postado em 16/01/2009 08:43
A possibilidade cada vez maior de que o senador José Sarney (PMDB-AP) dispute a Presidência do Senado reacendeu as esperanças de dois candidatos ao comando da outra Casa do Congresso. Os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI) esperam que ele provoque uma crise capaz de desestabilizar o favorito Michel Temer (PMDB-SP). Aldo, visto como um azarão na corrida pelo comando da Câmara, retomou nos últimos dias conversas com a cúpula do PT e até com setores do Palácio do Planalto. Aposta que, apesar da preferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Temer, muita gente do governo fará de tudo para impedir o PMDB de controlar Câmara e Senado. No esforço para viabilizar a candidatura, Aldo aposta até em antigos adversários. Tem acompanhado com especial atenção as manifestações do ex-ministro José Dirceu. Quando Aldo era o ministro responsável pela articulação política, Dirceu ocupava a Casa Civil e fez o possível para atrapalhar a vida do comunista, numa disputa por espaço. Hoje, afastado do governo mas ainda influente no PT, Dirceu tem defendido abertamente que o PMDB não pode comandar as duas casas do Congresso. Neste caso, se Sarney for eleito no Senado, a bancada do PT na Câmara poderia abandonar Temer. Estragos A eleição do Senado acontecerá pela manhã e a da Câmara no fim da tarde. Em conversas reservadas com seus coordenadores de campanha, Aldo avalia que há tempo suficiente para que uma possível vitória de Sarney cause o estrago político necessário para minar as bases de Temer. Especialmente dentro do PT, que considera fundamental eleger Tião Viana (AC) para a Presidência do Senado e esbarra justamente nas articulações pró-Sarney. ;As coisas no Congresso acontecem com muita rapidez;, afirma. A estratégia do deputado comunista é explorar as desconfianças entre PT e PMDB. Sabe que os petistas não querem ver os peemedebistas muito fortalecidos na hora de negociar eventuais alianças para 2010. Também investe nos outros partidos da base governista. Essas legendas disputam com o PMDB os cargos no governo e ficarão em posição mais difícil se o partido acumular tanto poder. O problema de Aldo é que essa animosidade não é partilhada por Lula. O presidente considera fundamental a eleição de Temer, para manter a boa relação com o PMDB. Pensa em chamar a bancada do PT para uma reunião poucos dias antes da decisão da Câmara. Seria uma forma de impedir traições. Aldo e Ciro estão atuando em conjunto. A maior preocupação dos dois é forçar a realização de um segundo turno. Se nenhum dos candidatos alcançar os 257 votos necessários para ter a maioria absoluta em primeiro turno, os dois mais bem votados se enfrentarão em uma nova votação. Ciro e Aldo prometem apoio mútuo para quem enfrentar Temer.

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