postado em 16/01/2009 19:10
O impasse na sucessão para o comando do Senado põe em situação delicada não só o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas também seus principais aliados. A pouco mais de 15 dias das eleições, os dois candidatos à presidência da Casa mudaram de estratégia para conquistar a vitória. O atual presidente, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que busca a reeleição, e o senador Tião Viana (PT-AC) preferem, agora, ficar longe dos holofotes e trabalhar exclusivamente nos bastidores.
O novo movimento foi motivado pela possibilidade de o senador José Sarney (PMDB-AP) lançar seu nome oficialmente na disputa. Em meio à expectativa do encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Sarney para discutir a sucessão na Câmara Alta -- que deve ocorrer no domingo - Garibaldi e Tião estarão em Brasília. O presidente do Senado volta na noite de hoje a capital. Garibaldi participou nesta sexta-feira do 3° Fórum de Integração do Legislativo, realizado em Maceió (AL), ao lado de lideranças do PMDB.
Ouviu do futuro líder do partido no Senado, senador Renan Calheiros (AL), que é o candidato do PMDB, mas que em meio aos problemas jurídicos que podem cercam sua candidatura, Sarney é a opção do PMDB. Dúvidas Garibaldi pode ter sua candidatura questionada na Justiça porque uma norma do regimento interno impede que um presidente tente a reeleição na mesma legislatura. "Se puder ser o Garibaldi, é o Garibaldi. Se não puder, o PMDB vai indicar outro, e dentre os nomes está o do senador José Sarney", afirmou Renan. O presidente do Senado tem sido discreto nos movimentos.
Garibaldi se esforça em manter contatos com a bancada do PMDB na Casa. Quer ter certeza de que ainda conta com os 17 votos que apoiaram sua campanha. O peemedebista que sinalizou que poderia deixar a disputa já indica que uma alternativa para ser analisada é manter seu nome na disputa a partir de uma candidatura avulsa. "Vou analisar porque não tem nada pior do que candidato sem voto", disse Garibaldi.
Otimismo
O petista segue o mesmo caminho de Garibaldi. Tem procurado líderes dos cinco partidos que deram apoio a sua participação na disputa. Nas conversas, Tião cobra a manutenção do compromisso e investe, especialmente, nas indefinições dos tucanos. Tião amenizou o discurso, depois de criticar a articulação do Planalto em favor de Sarney ao acusar o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) de falta de lealdade.
"Isso para mim já é um assunto superado. Minha candidatura está consolidada e eu estou cada vez mais otimista. Vou vencer essas eleições, pode escrever isso aí", afirmou Tião à Folha Online.
Na quarta-feira, Tião deve se reunir com o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC). Antes, a expectativa é que Lula já tenha conversado com Sarney. Interlocutores do presidente negociam para que o PT aceite que Tião abra mão da candidatura sem ameaças ao nome de Sarney.