postado em 17/01/2009 10:15
O Palácio do Planalto tenta articular uma saída para agradar à bancada do PMDB no Senado sem ter de entregar a Presidência da Casa. A ideia é assegurar a ida do senador Romero Jucá (RR) para a presidência nacional da legenda. O cargo hoje é ocupado pelo deputado Michel Temer (SP), candidato à Presidência da Câmara. O acordo poderia resolver a principal questão levantada pelos senadores: o equilíbrio na disputa pelo poder interno com a bancada da Câmara.
A proposta está sendo trabalhada pelo ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, articulador político do governo. Por isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se incomodou em adiar o encontro marcado para a semana passada com o senador José Sarney (PMDB-AP). Quando os dois conversarem, Sarney terá de responder se vai ser candidato à Presidência do Senado. Algo que o governo, interessado em eleger o petista Tião Viana (AC), quer evitar a qualquer preço.
Lula autorizou a articulação baseado nas conversas que manteve com Sarney. Em todas, o veterano senador negou a intenção de disputar a presidência, mas ressaltou a preocupação de sua bancada com o jogo interno no PMDB. Há alguns anos, deputados e senadores disputam o comando do partido. No primeiro mandato de Lula, o grupo do Senado, instalado no governo, tinha vantagem. Essa condição desapareceu depois da reeleição do presidente, quando os deputados aderiram e ganharam sua cota de ministérios.
A eleição de Temer para comandar a Câmara fortaleceria o grupo da Câmara. Os senadores usam esse argumento para defender a candidatura de Sarney. Se o Senado ficar com a presidência do partido, o jogo estará equilibrado. Na primeira vez que a proposta surgiu, há algumas semanas, esbarrou na resistência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Principal articulador de Sarney, ele temia ficar sem espaço. Como Renan garantiu sua indicação como líder da bancada, o governo acredita que o obstáculo foi removido.
O problema é que essa fórmula só funcionará se Sarney realmente não quiser ser candidato. O governo não sabe o que ele pensa. Nos últimos dias, o Planalto despachou emissários, mas o senador manteve o mistério