postado em 18/01/2009 09:11
A discussão sobre a eleição presidencial em 2009 só interessa à oposição, diz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É muito cedo para traçar estratégias relacionadas à sucessão, reforça o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Apesar dos discursos oficiais proferidos em público, o governo trabalha a pleno vapor a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto em 2010. Além de prepararem um cardápio de obras a serem inauguradas pela ;mãe do PAC; nos próximos dois anos, ministros e assessores de Lula operam em outras duas frentes.
Uma delas é a definição dos discursos que serão apresentados ao eleitorado a fim de atrair votos para Dilma, que ainda não entrou na casa dos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. Em outro flanco, já começou a escalação de aliados que terão a missão de garimpar apoios e consolidar palanques para a ministra Brasil afora. Por enquanto, o grupo é formado basicamente por petistas cujos mandatos de prefeito acabaram em 31 de dezembro. Uma das estrelas do plantel é José de Fillipi Júnior, ex-prefeito de Diadema (SP) e tesoureiro da campanha de Lula à re-eleição em 2006.
Mulher brasileira
Um dos discursos entoados na luta por votos já é conhecido. Trata-se de reforçar a imagem de ;gestora eficiente; criada pelo presidente da República ao se referir a Dilma. Por isso, Lula pressiona os auxiliares a acelerarem os investimentos previstos em infraestrutura e nos programas sociais. Ele não quer que a crise interrompa o ritmo crescente de desembolsos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que poderia dar à oposição a oportunidade de mudar a alcunha de Dilma de ;mãe; para ;madrasta; do PAC. Ao pisar no acelerador, o presidente também pretende evitar que uma desaceleração acentuada na economia reduza o nível recorde de aprovação popular do governo.
;Temos um grande desafio pela frente;, diz um ministro com gabinete no Palácio do Planalto, ressaltando que cabe a Dilma justificar a fama de ;gerentona; numa conjuntura de escassez de recursos e de suspensão de projetos pela iniciativa privada. Já outro ministro ; com mais acesso ao gabinete presidencial do que o anterior ; avisa que o governo defenderá a tese de que já é hora de uma mulher comandar o país, como ocorre com Michelle Bachelet, no Chile, e Cristina Kirchner, na Argentina. ;O fato de ser mulher terá um peso muito importante simbolicamente;, afirma o ministro. ;Para o bem e para o mal;, acrescenta, demonstrando certa preocupação com a possibilidade de o preconceito, ou o machismo, implicar perda de votos.
Para esse ministro, no entanto, a próxima eleição presidencial será principalmente um confronto entre dois modelos. Ou, ainda, se resumirá a uma pergunta: qual caminho o país deve seguir, o trilhado por Lula ou o percorrido pelos tucanos? Otimista, o ministro aposta que o eleitorado tende a optar pela primeira opção. Por isso, a ordem é estimulá-lo a votar no ;quadro mais qualificado do governo; para acelerar os supostos avanços em curso. ;Não será mais do mesmo. Será manter o mesmo rumo, mas acentuar as conquistas, o crescimento com inclusão social.;
Conforme antecipado pelo Correio no último domingo, o governo planeja inaugurar 257 obras este ano, média de uma a cada 1,4 dia. Do total, 157 são relativas ao PAC. A centena restante é de escolas técnicas. A ideia é aproveitar as solenidades para tornar Dilma mais conhecida. ;Ela circulará pelos estados, percorrerá o país;, declara um assessor do presidente. Levando-se em conta a mais recente pesquisa Datafolha sobre sucessão presidencial, a ministra terá uma longa jornada pela frente.