Jornal Correio Braziliense

Politica

Ex-relator da CPI dos Correios, Serraglio sonha presidir a Câmara mesmo sem apoio

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Ele já foi carregado no colo pelos colegas. Expõe no mural do seu gabinete a foto em que é exaltado pela oposição após a aprovação do seu relatório final da CPI dos Correios em 2006. Hoje, quase nenhum parlamentar aposta as fichas nele, poucos jornalistas o procuram para tratar do assunto, mas o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) acredita nas chances de ser o novo presidente da Câmara dos Deputados. Quando encontra um repórter nos corredores, faz questão de para-lo para avisar: ;Estou em campanha e muito animado para ganhar;. O advogado e professor universitário Osmar Serraglio, 60 anos, é o candidato dele mesmo. Oficialmente, o PMDB lançou Michel Temer (SP), o favorito para ganhar a eleição em fevereiro. Serraglio tem fama de ser um ;boa-praça;. Simpático com todos, circula com desenvoltura pela Câmara. Mas não consegue penetrar pelas cúpulas. É um homem distante das rodas de políticos nos restaurantes caros de Brasília durante a semana. Primeiro, porque dificilmente é convidado. E também porque nunca gostou deste tipo de ambiente. É um parlamentar pouco ;confiável; dentro do jogo partidário. ;Fui e sempre serei do baixo clero. Vou ser um presidente do baixo clero;, diz, sem perder a chance de homenagear sua cidade, Umuarama, no Paraná, onde foi vice-prefeito entre 1993 e 1996, antes de se aventurar pela Câmara dos Deputados. ;Sabe o que significa Umuarama? Lugar alto onde os amigos se encontram;, conta, tentando fazer alguma relação com a eleição no Congresso. Em seu terceiro mandato como deputado, Serraglio ganhou fama e virou celebridade instantânea na CPI dos Correios, que investigou entre 2005 e 2006 o escândalo do mensalão no governo Lula. Foi indicado relator pelo PMDB para fazer o jogo do Palácio do Planalto. Não o fez. Mudou de lado no meio da CPI e seguiu um caminho contrário, apresentando um relatório final de arrepiar os cabelos dos governistas. Como lembrança, guarda a foto em que a oposição o carrega no colo. Recordações Ao lado, no mesmo mural, está um registro de um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas uma outra imagem chama atenção: um aperto de mão com o presidente do PMDB, Michel Temer. Serraglio garante que conseguirá tirar votos do colega na eleição em 2 de fevereiro. Mas não conta o segredo. Ele sabe que é criticado por enfrentar as decisões oficiais do partido. Pretende ser o que se chama de ;candidato avulso; na Câmara. Na CPI dos Correios, os jornalistas o taxavam de confuso, por declarações distintas sobre um mesmo tema durante o dia. Hoje, os políticos o chamam de teimoso. Não é por menos. Serraglio já tentou sem sucesso ser ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2007, quebrou as negociações políticas e lançou-se para disputar a Primeira-Secretaria da Câmara, uma espécie de prefeitura da Casa. Venceu por 249 votos a 180 o deputado Wilson Santiago (PMDB-PB), o candidato do ;acordão;. Nas últimas duas semanas, Serraglio se desgastou com o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O peemedebista tem criticado o petista por ter fechado um acordo, que depois foi revogado, com o sindicato dos servidores para transferir à entidade a gestão do plano de saúde dos funcionários, e também por causa do pagamento, cancelado após a confusão estabelecida, do adicional de especialização, que inclui a ajuda extra aos chefes, a chamada bolsa-chefia. Serraglio alega que a Primeira-Secretaria tinha estudos sobre o tema para economizar dinheiro, mas Chinaglia nem deu bola para ele. Serraglio sentiu-se desprestigiado. ;Ninguém perguntou o que eu tinha feito. Cheguei para a reunião da Mesa Diretora e já estava tudo acertado.; Insistência Serraglio, casado e pai de uma filha de 8 anos, aposta novamente na teimosia. Não faz comparações, mas acredita na possibilidade do ;efeito Severino;. Em 2005, considerado azarão, Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito para presidir a Câmara aproveitando-se de uma disputa interna do PT em torno dos candidatos Virgílio Guimarães (MG) e Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). Só que agora, além de Temer, há outros dois postulantes teoricamente à frente de Serraglio na disputa: Ciro Nogueira (PP-PI) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP). A missão do deputado paranaense é quase impossível. Na semana passada, comparou-se ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama, numa carta aos deputados. Deixou a campanha em Brasília neste fim de semana para ser paraninfo numa formatura em Maringá (PR). Antes, porém, encontrou a reportagem e avisou: ;Estou em campanha e muito animado para ganhar.;