postado em 19/01/2009 15:40
O presidente da CPI das Escutas Telefônicas da Câmara, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), prepara para os próximos dias uma reunião informal com o relator da comissão, Nelson Pelegrino (PT-BA). Itagiba quer dar prioridade às investigações sobre a quadrilha que atuava na realização de escutas clandestinas e quebra de sigilo descoberto em São Paulo. O objetivo é tomar depoimentos já no começo deste ano.
"Quero me reunir com o relator para avaliar os próximos passos da CPI e incluir entre as prioridades as investigações sobre a quadrilha que foi desbaratada em São Paulo", disse Itagiba. "O assunto é grave. É necessário tomar providências e uma das alternativas é definir pelos depoimentos." Itagiba pretende marcar para o dia 3 de fevereiro a primeira reunião formal do ano da CPI das Escutas Telefônicas. Na pauta, além da quadrilha descoberta em São Paulo, também deve ser analisada a nomeação do governo federal para que o ex-delegado da Polícia Federal Paulo Lacerda seja adido policial na embaixada do Brasil em Lisboa (Portugal).
O presidente da CPI reiterou nesta segunda-feira suas críticas à nomeação de Lacerda. Para ele, o próprio ex-delegado transgrediu as regras que impôs para a indicação de delegados destinados à função de adido policial no exterior. "Faltou ética [para o Paulo Lacerda]", afirmou ele.
*Quadrilha* Na reta final da CPI, Itagiba quer aprofundar as investigações relativas à Operação Spy 2, que identificou um esquema de escutas telefônicas clandestinas e de quebra de sigilo bancário em atuação em São Paulo.
Ao todo, 16 pessoas foram indiciadas por formação de quadrilha e quebra ilegal de sigilo fiscal, bancário e telefônico. Uma das vítimas do grupo foi o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
Aníbal teve um dos aparelhos celulares grampeados. Com ajuda de policiais, o deputado teve acesso a parte do inquérito e descobriu que entre as gravações, o grupo dispunha de informações, como o nome da sua mãe. O telefone ficava com a secretária do tucano em Brasília.
Pelas apurações dos policiais, além das escutas ilegais, o esquema também seria responsável por obter dados bancários de suas vítimas.
Os investigadores identificaram funcionários de empresas de telefonia e de bancos que, junto com detetives particulares, obtinham informações sigilosas para revendê-las a clientes.
Para conseguir essas informações, os detetives pagavam comissões que variavam de R$ 200 a R$ 2.000. A polícia, no entanto, ainda não descobriu por quanto as informações sigilosas eram revendidas.